Obras poeticas de Bocage ...: Canções, elegias, idylios, cantatas, epistolas e satyras

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Imprensa portugueza-editora, 1875
 

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Página 323 - Face divina Não lhe valeu. Tem roto o seio, Thesouro occulto Barbaro insulto Se lhe atreveu. De dor e espanto, No carro de ouro O numen louro Desfalleceu. Aves sinistras Aqui piaram, Lobos uivaram, O chão tremeu. Toldam-se os ares, Murcham-se as flores ; Morrei amores, Que Ignez morreu.
Página 257 - N'altura de Chaúl; travámos guerra. Sentiu do portuguez o esforço antigo; Fez-se uma preza, repartiu-se em terra Inda agora: o quinhão, que lá me deram, Este pintado cofrezinho encerra. Nas mãos um collar de ouro me pozeram Sobre aljofares mil: vi que, por bellos, Do tea collo, e t«us pulsos dignos eram.
Página 346 - Disse dos nautas o inimigo eterno, E aos ares arrojei no mesmo instante Medonhas trevas, pavoroso inverno. O céu troveja, Éolo sibilante Ora aos abismos, ora aos astros leva Entre as asas da morte o lenho errante: Sobre ele o mar violento a fúria ceva, Rebentam cabos, não governa o leme, Consternada celeuma ao ar se eleva. Em tanto horror meu coração não treme.
Página 256 - Na manobra quem é mais diligente Que eu? Quem sabe deitar melhor o prumo? Quem no leme, e n'agulha é mais scieiite?
Página 159 - E tu, que da loquaz Maledicencia Tens açaimado a bocca venenosa, Tu, que de racionaes só na apparencia Domaste a mente incredula e teimosa: Das fadigas que exige ardua sciencia, Em vivas perennaes o premio gosa, E admira em teu louvor estranho e novo Unida á voz do sabio a voz do povo. 1 O Intendente não calculava...
Página 352 - Aqui torrida zona abafa a gente, Ferve o clima, arde o ar, e eu o não sinto, Que tu, fogo de Amor, és mais ardente : Aqui vago em perpetuo labyrintho Sempre em risco de ver maligno braço No proprio sangue meu banhado, e tinto...
Página 317 - Dedicatorio. miseranda Ignez o caso triste, Nos tristes sons, que a magoa desafina, Envia o terno Elmano á terna Ulina; Em cujos olhos seu prazer consiste : Paixão, que, se a sentir, não lhe resiste...
Página 317 - Longe do caro esposo Ignez formosa Na margem do Mondego As amorosas faces aljofrava De mavioso pranto. Os melindrosos, candidos penhores Do thalamo furtivo, Os filhinhos gentis, imagens d'ella, No regaço da mãe serenos gosam O somno da innoceneia.
Página 183 - D'exemplo das nações, o throno abate, E de um senado atroz se torna escrava. Por mais que o sangue em ondas se desate, Nada, nada lhe acorda o sentimento, Que as insanas paixões prende, ou rebate; Vai grassando o furor sanguinolento^ Lavra de peito em peito, e d'alma em alma, Qual rubra labareda exposta ao vento : Não cede, não repousa, não se acalma, E a funesta, insolente liberdade •Ergue no punho audaz sanguinea palma. Barbaro...
Página 22 - Das vagas quase absorto. Depois de longamente haver corrido A estrada desigual com céus adversos, Em lugar de colhê-lo, o pano aumenta, Desafia o naufrágio: Imaginária terra se lhe antolha, De mil, e mil venturas semeada: Anelas por surgir no porto amigo, Cobiçosa Esperança: Para cevar o horror mais campo havendo, A torva tempestade então mais zune, Em raios, em tufões todo o ar converte, Todo o pélago em serras: O...

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