As metamorphóses de Publio Ovidio Nasão: poema em quinze livros, Volume 1

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Na Imprensa Nacional, 1841
 

Passagens mais conhecidas

Página 19 - Cavam-lhe o que sumiu na eâtygia sombra, Cavam riquezas, incentivo a males. Já se desencantara o ferro infenso, E o ouro inda peior: eis surge a Guerra, Que, de ambos ajudada, espalha horrores, Vibrando as armas na sanguínea dextra. Fervem os roubos: o hospede seguro Do hospede não está, do genro o sogro; A concórdia entre irmãos também é rara.
Página 13 - A elle no lugar, na ligeireza Proximo fica o ar; mais densa que ambos A terra puxa os elementos vastos, Da propria gravidade é comprimida. O salitroso humor circumfluente A possue, a rodêa, a lambe, e aperta. Assim depois que o Deos (qualquer que fosse) O grão corpo dispoz, quiz dividil-o, E membros lhe ordenou. Para que a terra Não fos^fc desigual em parte alguma, Por todas a compoz na forma de orbe.
Página 33 - Pyrrha primeiro em fim rompe o silencio, Da divindade as leis cumprir não ousa, E com trémula voz perdão lhe roga, Porque teme, espalhando os ossos frios, Aos manes maternaes fazer injuria. Depois...
Página 18 - Jove contrahe a Primavera antiga: Verões, Invernos , desiguaes Outonos, Curta, e branda Estação, que anime as flores, O anno repartem, variando os tempos. O Ar então começou a escandecer-se; E ao som dos ventos a enrijar-se a neve. Os humanos então...
Página 111 - Antes benigna paz lhe alegra a fronte". A Filha de Agenor admira o Touro, Estranha ser tão bello, e ser tão manso: Ao principio, inda assim , teme tocar-lhe; Vai-se , depois , avisinhando a elle; E as flores, que apanhou, lhe applica aos beiços. Não cabe...
Página 16 - Organisa porções, e as assemelha Aos entes immortaes, que regem tudo. As outras creaturas debruçadas Olhando a terra estão, porém ao homem O factor conferio sublime rosto, Erguido, para o céo lhe deu que olhasse.
Página 22 - Attonita ficou a Especie Humana; Todo o mundo tremeo de horrorisado. .Augusto, então dos teus não menos grata A ternura te foi, que a Jove aquella. Depois, que ao grão susurro iinpoz silencio Co'a mão, ea voz, emmudecèrão todos.
Página 33 - Ministro, sem luz , sem culto as aras. Como os sacros degráos tocado houvessem, Sobre a mádida terra os dous se prostrão, E dão nas pedras osculo medroso: Orão depois assim: «Se justas preces >> Tornão benignos os irados Numes , -.-; Se a colera dos Ceos com ais se adoça , «Dize-nos, Deosa, dize-nos, de que arte •n Podemos restaurar a espe'cie humana; « E soccorre piedosa o triste Mundo.
Página 20 - Diz-se que a terra, a mãe, ao muito sangue Dos filhos ensopada o fez vivente; Homens d'elle creou, porque a memoria Da progenie feroz permanecesse. A nova geração tambem foi dura, Dos numes foi tambem desprezadora, Amiga da violencia, e da matança, Denotando que o sangue o ser lhe dera.
Página 181 - Teu amor, tua mão te hão dado a morte! Eu também tenho mãos (exclama a triste) Eu também tenho amor capaz de extremos» Que esforço me dará para seguir-te. Sim, eu te seguirei, serei chamada Da tua desventura a causa, a sócia. Ai! só podia a morte separar-nos. . . Mas não, nem ela mesma nos separa. Ó vós, dai terno ouvido às preces de ambos, Míseros pais de míseros amantes, Que une por lei do fado amor, ea morte; Deixai que o mesmo túmulo os encerre. E tu, árvore, tu, que estás...

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