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se prestaraõ e tao honorifico, e geral arranjamento. Voltai pois, ou farei que as cousas se fassaõ em divida forma.

Nao concebo a rasaõ porq.o a sua conciencia repugna cobrar do Governo o juro das quantias, que elle devia adiantar, e disso nao cuida, mas se V. S.a as naõ cobra do Governo, m.to menos a cobrarei eu de V. S.a.

Os nossos am.os Freitas & Costa escreveraõ-me a Falmouth algum tanto assustados, temendo as conseq.as de algua intriga Portugueza contra o seo credito, se da parte do Menisterio do Brasil houver algum descuido nas remessas. Nao tenho o menor receio a tal respeito, comtudo para prevenir como devo qualquer disgosto, escrevi hoje a Joze Marcelino Glz. p.a prestar o socorro de Lb 4000 sobre letras contra o Erario do Rio, no caso infelis dos d.os Freitas & Costa precisarem. He provavel que elles naõ fassaõ uzo de tal carta, comtudo previna V. S,a ao d.o Glz. p.a q.e havendo elle de passar fundos, queira primeiro consultar aos d.os Freitas & Costa sobre o estado da correspondencia com o nosso Menisterio.

FIM DA CORRESPD.A COM O MENISTERIO E EMPREGADOS PUBLICOs.

S. Antonio 7: Meirelles Sobr

Liverpool.

LONDRES 26 de Dbr.o 1822.

vm.ce

Dezejando o Ex.mo S. Jose Bonifacio de Andr.a convencer aos seos compatriotas por hum exemplo pratico, que a cultura por braços livres he m.to mais ventajoza do que a de escravos Africanos, me tem encarregado de mandar-lhe ao menos 600 cultivadores Ingleses, e com a maior brevidade possivel. Lembrando-me q.e vm.ce nesse porto tem m.ta oportunidade de desempenhar esta importante comissao tanto pela vezinhança de Irlanda, como pela frequencia de navios p.a o Rio, tomo a resoluçao de encarregar a da referida comissaõ, segurando-o que no seo prompto desempenho fará hum serviço mui agradavel a S. M. I. Excuso lembrar a vm. a maior economia possivel, mas entre dez, e doze livras por homem me parece hum termo rasoavel, e vm. poderá saccar pelas sommas despendidas com a remessa de cultivadores sobre o Ill.o Thesour. Mor do Erario do Rio de Janr.o avisando na mesma occ.m ao Ex.mo Menistro d'Estado p.a dar as ordens competentes. Qualquer duvida q.a vm. encontrar na execução desta ordem terá a bondade de me comunicar p.a eu resolver o que for mais conforme com as intençoens do meo Governo.

Ao m.mo.

a

LONDRES 4 de Janr. 1823.

Acuso a recepçaõ da sua estimadissima do 1o do corr.e e muito estimo arranjo que tem feito p.a a remessa dos cultivadores, posto que naõ seja em tudo conforme as ordens, que tenho, isto he pagar hum tanto por individuo, q. chegar ao Rio, pois q.e toda ventagem consiste na chegada dos homens, e nao na sahida, mas emfim será facil segurar a quantia dispendida. Sendo a ordem p.a saccar, mas nao se podendo verificar, segue-se que a dispeza adiantada hade ser feita p. mim, ou p. vm.ce, ou por ambos. No 1o cazo faça-se esta primeira expediçao, no 2 o q.e a vm. convier, e no 3 hirao todos os seiscentos. Se as letras poderem ser a 5 mezes da sahida de cada navio, teremos bastante tempo p.a receber fundos, se porem forem a menor prazo so deveremos contar com os proprios recursos.

Os saques naõ seraõ sobre mim, mas sobre algua das cazas de m.a correspondencia, e eu darei a vm.ce o nome, logo que me fassa saber a extençao das operaçoens, e por qual dos methodos vai por em pratica. Vejamos agora se entendi bem a dispeza.

he 7

650 Lb p.a mantimento

400 p.a hum mez de soldada.

Temos pois 1050 a dispender em Liverpool p.a 150 cultivadores, isto por homem.

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A dîspeza total sera pois 15, mais do que paguei em Irlanda, de onde foraõ a 13, e mais do q.o paguei em França, de onde forao a 14.

Comtudo a ventagem do n.o q.e vm. pode mandar torna insignificante aquelle acrescimo. Resta pois conciliar a operaçao com as nossas finanças ou com as mas que nestes tres meses seraõ mui limitadas. Nao esqueça comunicar-me o q.e souber sobre Fragatas Americanas.

Ao m.me

LONDRES 9 de Janeiro 1823.

Recolhendo-me hontem bastantem.e tarde recebi a sua de 6 do corr.e, e por isso nao coube no tempo responder no mesmo dia.

Das suas expressoens concluo que o adiantamento necessario (emq.to nao chegao fundos do Rio) serà feito p. conta de ambos, mas esqueceo-lhe dizer-me o praso das letras: isso porem naõ obsta a 1 expediçao. A importancia que nesta me toca segundo o seu calculo sao b 525 pelas q.es sacarà sobre mim auz.e Freitas & Costa.

Tomo este expediente para evitar que ninguem forme conjecturas sobre nossas relaçoens, mas se for possivel diferir o saque athe a sahida, ou pelo menos the a vespera da sahida dos ultimos cultivadores, entao saque sobre os d.os Freitas & Costa avizando-os de q.e o faz por m.a ordem. A ordem de pagamento p.a o Cap.m deve ser (segundo me parece) de 8 por cultivador pagando o mesmo Cap.m 7 p. cabeça q.e faltasse p.a preencher 150, pois do contrario poderia sahir com menos do q.e o ref.o n.o. Essas cautellas porem ficao ao seo cuidado.

P. S.

Agora mesmo recebo a sua de 7 e sou a dizer-lhes q.e a 15 ahi chegaraõ 6 feitores mui entendidos na cultura do canhamo, e hum delles procurará a

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O portador desta he o S. Thompson Lavrador mui intelig.e que leva 5 feitores em sua comp.a p.a fazerem o pr.o estabalecimento com os cultivadores q.o vm. manda a 16. Sendo este o n. q.e o Cap. se comprometeo a levar hua vez que se desse o vinho p.a elles, rogo a vm. que não só mande p.a bordo a porção de vinho que julgar necessaria, mas algum adicional socorro de provisoens, pois nao convem q.e taes homens padeçao na viagem.

Ao m.mo.

20 de Janeiro 1823.

Com a expediçaõ da malla, e passageiros pelo Paq.e nao tive hum inst.o de meo p.a escrever-lhe the 6"fr.a, e de entao em diante deferi esperando a cada

momento carta sua com a noticia da sahida dos primeiros cultivadores. Ja me nao faltaō sustos de algum desarranjo, e por isso tomára not.as de Liverpool.

Disse-me Custodio Pereira de Carvalho, que ouvira a Antonio Juliao da Costa q. vm. procurava o consulado do Brasil, e havia solicitado obte-lo p. m.a intervençao. Sem mostrar m.to cazo da noticia respondi, que tudo parecia impustura de algum intrigante, pois q.e nem o Brazil estava reconhecido Independente, nem eu tinha intervençaõ algua em negocios. Comunico isto p.a seo governo, e p.a q.e naõ comunique os seos segredos a 3. se os nao quiser divulgados.

So espero saber como vm. definitivam.e arranjou a expediçaõ p.a dizer-lhe se deve, ou naõ continuar.

Ao m.", em 26 de Janeiro de 1823.

Hontem pelas 9.1 da noite recebi a sua estimadissima de 24 do corr.e e tive por alguns minutos hum extraordinario prazer, mas lendo o contracto que vinha incluso fiquei surprehendido, e de certo vm.ce foi completam.e enganado se acaso naõ houve erro de copia. Na sua do 1o do corr.e estipulou vm.ce 400 p.a soldada de hum mez a 150 cultivadores que unidas a 650 de mantim.tos levava o dezembolço em Liverpool a 1050 alem das 800 no Rio. Na m.a reposta de 4 aprovando o ajuste acrescentei outras 400 p.a soldada do 2. mez, porq.e as viagens ordinarias saõ deste praso, de maneira q.o a dispeza total era 1050 em Liverpool, e 1200 no Rio. Do ref.o conclue-se que o jornal por mez de cada lavrador sera 2.13.4. q.e he o quociente de 15

400

Esta quantia era pois a que se devia fixar no contracto, e quando muito acrescentar - ou maior se maior for no Rio a soldada dos cultivadores Estrangeiros fixar porem pelo menos 5.10 p.' mez, he p.a mim cousa inconcebivel. De Londres mandei eu 50 cultivadores a 2 p. mez: do Havre 100 com o jornal que tivessem os outros cultivadores no Brasil. Se eu tivera sem. noticia a tempo de embaraçar a sahida, de certo o faria, porq.e era milhor perder 2000, do que convir em tal ajuste.

O mal he maior, do q.e vm. pode imaginar porq.to se o Governo naõ cumpre o ajuste perde o credito, e se o cumpre os outros cultivadores, q. estao no Brazil exigirao o mesmo, ou desertaraõ.

Nao tenho a menor duvida sobre a boa fé do seo comportamento, mas a naõ haver algum engano na copia q.e mandou, vejo-me em terrivel embaraço.

Tenho tudo disposto p.a outra expediçaõ sendo os pagamentos feitos em Londres, parte na sahida do navio, e parte a 30 dias depois de se apresentar o recibo da entrega dos cultivadores, mas sem o esclarecimento deste negocio naõ dou hum passo.

Ao m.mo.

31 de Janeiro 1823.

Acuso a recepçaõ das suas de 28, e 29 do corr.e, e sentido os encomodos porq.e vm. tem passado, fico de acordo e aprovo tanto a conta das dispezas, q.e me deo, como das favoraveis condiçoens p.a segunda remessa.

He preciso que seja ao menos de 200 homens, q.e se fixe o dia da partida com multa de 20. ou o q.e for bastante p.a evitar qualquer demora, e todos os pagamentos seraõ feitos em Londres a s.er as despezas de comedorias, e soldadas com Letras a 3 mezes com o devido premio de desconto, e o frete a 30 dias depois de ser apresentado o recibo da entrega. Daqui mandarei 6 feitores quando souber o dia da partida. Esperando encontrar-me com vm em Londres, ou Liverpool, reservo p.a a vista quanto quizera dizer-lhe p.a justificaçaõ dos meos receios e sustos.

Ao m., em 4 de Fevereiro de 1823.

Reflectindo sobre alguas couzas q.e me diz na sua estimadissima do 1o do corr.e julgo a propozito suspender absolutam.e qualquer remessa de cultivadores sem falar-mos, e p. isso ficará sem vigor o que a vm escrevi em 31 de Janeiro the que se verifique a nossa entrevista. As Letras foraõ aceitas, e ja mandei offerecer ao p.ro pagamento mediante o competente desconto.

Ao m.", em 8 de Fevereiro.

Acabo de receber a sua estimadissima de 6 do corr. e m.to estimo que disfizesse o ajuste dos cultivadores sem prejuizo da sua parte. Quando o Brazil estiver em paz com Portugal cuidaremos de mandar cultivadores, p.' ora o que la se preciza saõ navios de guerra p.a levantar o bloqueio, q.e se diz mandára fazer o Gen.al Madeira a Pernb.o e Rio de Janr.o.

Ao m.mo, em 26 de Março.

Acuzo a recepçaõ da sua estimadissima de 22 do corr. e nao vejo inconveniente em mandar os cultivadores em hum, ou dous navios, tudo está que por isso nao cresça a dispeza. Hum dos feitores ja se terá apresentado a vm.ce, e mais hum, ou dous expedirei no sabbado. Será conveniente que o seg.do navio se demore mais 4 dias, porq.e naõ posso antes disso expedir tudo. Sendo o frete p. cabeça, e pagando-se cá, será necessario previnir qualq. engano quero dizer, q.e pagando-se o frete de 100 cheguem ao Rio 50. vm. me dirá as quantias necessarias, e q.do quer q.e as mande a fim de evitar saques sobre ninguem.

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Fico de acordo no contheudo da sua de 25 do corr.e e pelo Corr.o de sabbado mandarei a vm.e as cartas p.a o Rio, mas provavelm. os feitores ficarao p.a o 2o navio, q.e arranjará q.to antes.

Ha dias foi daqui hum com carta p.a vm.e e se esse ahi estiver poderá acompanhar os 100 cultivadores. Sobre o d q.e elle hade receber escreverei

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