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rado, postoque a numeração segue de uma para outra obra. N'esta edição se juntou à segunda (1598), trinta e tres sonetos, duas odes, duas elegias, duas canções, duas sextinas e varias redondilhas, cantigas e vilancetes. Thomas Northon tinha na sua collecção dois exemplares que apresentavam differença: em um, as licenças estão no verso do frontispicio, e no outro na pagina seguinte.

1621

RIMAS DE LUIS DE CAMÕES, NOVAMENTE ACRESCENTADAS E EMENDADAS NESTA IMPRESSÃO. DIRIGIDAS A D. GONÇALO COUTINHO, COM DOUS EPITHAFIOS Á SUA SEPULTURA QUE ESTÁ EM SANTA ANNA, QUE MANDARAM FAZER DOM GONÇALO COUTINHO E MARTIM GONÇALVEZ DA CAMARA. ANNO 1621. EM LISBOA, COM TODAS AS LICENÇAS NECESSARIAS. POR ANTONIO ALVARES. Á CUSTA DE DOMINGOS FERNANDEZ, MERCADOR DE LIVROS. COM PREVILEGIO REAL. TAXADAS A 160 RÉIS EM PAPEL

Na pagina do rosto o emblema de D. Gonçalo Coutinho, e uma arvore com o distico: Mihi Taxus. Na immediata começam as licenças, a primeira datada de 11 de Julho de 1614. N'ella declara o Censor Antonio Freire, da Ordem de Santo Agostinho, que viu estas Rimas impressas no anno de 1598, e que n'ellas emendou quatro ou cinco logares que julgou indecentes. O ultime despacho que é da taxa, é de 20 de Dezembro de 1614. Segue-se a dedicatoria a D. Gonçalo, em que diz ser esta a quinta edição, e que a dá na mais pura e apurada impressão que pôde haver. Espraia-se em elogios sobre a ascendencia d'este fidalgo, o acerto da empreza que tomou da Oliveira, e as suas qualidades pessoaes, louvando-o especialmente por ter melhorado a sepultura do Poeta em Sant'Anna. Depois d'esta dedicatoria lêem-se os dois epigrammas latinos de Manuel de Sousa Coutinho (Fr. Luiz de Sousa) feitos ao Poeta e a D. Gonçalo Coutinho; e em seguimento os sonetos em louvor do Poeta, por Leonardo Turricano, Torcato Tasso, Gaspar Gomes Pontino, Diogo Bernardes e Francisco Lopes. Acabados estes sonetos, estão os dois epitaphios da sepultura de Camões, ali collocados por D. Gonçalo e Martim Gonçalves da Camara, e no verso da pagina, onde está o soneto a Camões, o de Diogo Taborda Leitão. Em seguida o prologo ao leitor de Domingos Fernandes, em que declara, que depois de gastas a primeira, segunda, terceira e quarta impressões d'estas Rimas, intentara dá-las n'esta quinta impressão limpas dos er

ros, que nas outras se commetteram, e que para isso communicou com pessoas que o entendiam, e conferiu varios originaes. Que na segunda impressão juntara outros tantos sonetos, cinco odes, alguns tercetos e tres cartas em prosa; que n'esta quinta impressão, não acrescentava as muitas obras do Poeta que por sua diligencia tinha alcançado e junto, dos mais certos originaes, porque na segunda parte que ficava imprimindo saíriam brevemente todas à luz. O Academico Sebastião Trigoso adverte que esta deverá ser a sexta edição, porque na de 1614 se diz ser aquella a quinta, devendo entre a de 1607 e a de 1614 fazer-se outra que é desconhecida.

1626

OS LUSIADAS DE LUYS DE CAMÕES. COM TODAS AS LICENÇAS NECESSARIAS. EM LISBOA. POR PEDRO CRAESBECK, IMPRESSOR D'ELREY. ANNO 1626. 24.o

Depois do titulo vem as licenças, e logo depois a dedicatoria a D. João de Almeida, e em seguimento dois sonetos, o do Tasso e outro de D. João de Almeida. A dedicatoria, que é assignada por Lourenço Craesbeck, e é datada de Abril de 1626, offerece curiosidade por trazer algumas noticias anecdoticas e biographicas sobre Camões. Refere o dito do terceiro Conde de Vimioso, d'esse typo de verdadeiro cavalheirismo, o qual dizia que os Lusiadas, que era a primeira obra que em oitava rima se imprimíra em Hespanha, e seria a derradeira; e a resposta do Conde da Idanha, Pedro de Alcaçova Carneiro, a Camões perguntando-lhe este se achára muitas faltas no seu livro; as quaes atraz já deixámos exaradas na Vida do Poeta. A anecdota dos açoutes, que pedíra a El-Rei mandasse dar nos almoxarifes que lhe pagavam mal, o sentimento que os mesmos fidalgos tiveram pela sua morte, e a offerta de um estrangeiro que pedia os seus ossos para lhe dar sepultura magnifica, é aqui consignada. Fallando do livro que offerece, diz o editor:

<< Satisfaça V. M. em favorece-lo não só com a opinião da sua curiosidade, mas com as obrigaçoens do senhor D. Francisco de Almeida, pay de V. M. de quem o autor foi tão afeiçoado servidor, que embarcando-se em uma não para este reino, dezia que se vinha da India porque não estava nella D. Francisco de Almeida, e depois continuou de modo nesta afeição, que adoecendo no tempo das alteraçoens nesta cidade de Lisboa, e estando o senhor D. Francisco por Capitão General da Comarca de Lamego, se despedio delle por uma Carta (que é ultima que sabemos sua) da qual acabarei esta com trasladar algumas regras,

para que veja este reyno o muito que deve à sua memoria, queixa-se pois de estar oprimido de doença, de necessidades e de tristeza de ver a Portugal dividido em tantos bandos, e depois de particularizar cada cousa destas, diz as palavras seguintes: etc.» Repete o trecho bem conhecido d'esta carta, que por isso não trasladamos. Faria e Sousa, em um commentario manuscripto a esta carta, diz que tinha a original da propria letra do Poeta em Madrid D. Francisco de Almeida, da qual extractou parte seu filho D. João de Almeida, quando fez imprimir esta edição das Rimas, fazendo a dedicatoria para si em nome do editor; e que pela carta lhe davam em Madrid muitos dobrões.

No mesmo anno d'esta edição (1626) se imprimiram em Lisboa, e na mesma officina, no mesmo formato e typo, as obras de Garcilasso da Vega, Francisco de Figueira e a Sylvia de Lisardo. O typo veiu expressamente de fóra para n'elle se imprimirem os Lusiadas, e se tornarem portateis, e não era conhecido em toda a Hespanha, como consta d'esta passagem da dedicatoria da edição de Garcilasso a D.Vicente Nogueira: «E andando aora en esto, llegaron de ahi a mis manos, unas Lusiadas del famoso Camões, en forma mui pequeña, mas de letra tan lexible y linda, que luego la codicié para mi libro; y me resolvi (aun que fuesse con mucho mayor coste) a hazer-le imprimir en essa ciudad de Lisboa; porque no sea que en ninguna otra de España se hallen semejantes caracteres, » etc. Estas quatro edições vimos reunidas em um só volume, que pertence a meu primo João de Lemos de Seixas Castello-branco.

1629

RIMAS DE LUIZ DE CAMÕES, EMENDADAS NESTA DUODECIMA IMPRESSÃO DE MUITOS ERROS DAS PASSADAS. OFFERECIDAS AO SNR. D. MANOEL DE MOURA CORTE-REAL MARQUEZ DE CASTEL RODRIGO. EM LISBOA, COM TODAS AS LICENÇAS NECESSARIAS, POR PEDRO CRAESBECK, IMPRESSOR D'ELREY, 1629. 24.o

N'esta edição se diz ser a duodecima, o que não coincide com a noticia que temos das anteriores, vindo a faltar algumas para que esta represente aquelle numero, o qual comtudo vem a approximar-se, juntando-lhe as de que faz menção Faria e Sousa.

Na pagina seguinte ao rosto do livro vem as licenças, a primeira datada do 1.o de Setembro de 1626, que é do padre Frei Thomas de S. Domingos, e n'ella se diz que o auctor merece ser celebrado pelo seu en

genho e galantaria: a ultima é de 11 de Julho de 1629. Ás licenças seguem-se os sonetos de Bernardes, Diogo Taborda Leitão, de um amigo. do auctor e o soneto Centonico, com a remissão das paginas das obras do Poeta, onde se encontram os versos. Logo depois vem uma dedica- . toria a D. Manuel de Moura Côrte Real, Marquez de Castello Rodrigo.

1651

OS LUSIADAS DE LUYS DE CAMÕES. COM TODAS AS LICENÇAS NECESSARIAS. EM LISBOA, POR PEDRO CRAESBECK IMPRESSOR D'ELREY. ANNO 4631. 24.0

Na pagina do rosto ao meio tem o emblema escolhido por João Franco Barreto, uma espada e uma penna cruzadas e ligadas por uma corôa de louro, com este moto: Simul in unum.

Na pagina immediata à primeira: revisão e licença datada de 15 de Fevereiro de 1630, e a taxa do livro que se taxou a 70 réis, em 30 de Abril de 1631. Segue-se a dedicatoria de Paulo Craesbeck ao sr. D. Duarte, filho segundo do Duque de Bragança D. Theodosio II, e logo na pagina immediata um prologo ao leitor de João Franco Barreto, em que diz que sabendo que os Lusiadas estavam para se dar segunda vez à impressão na letra pequena, a qual expressamente viera para publicar as obras do Poeta, movido da affeição que tinha aos seus versos, e vendo os vicios com que tão corrupto andava, que ainda homens praticos tinham e sustentavam serem de seu auctor, assistira a esta edição emendando-a, e juntára a empreza, tirada da sua vida, da espada e da penna. No verso da pagina d'este prologo se lêem dois sonetos: o primeiro do Tasso com este titulo: Do Excellente Torquato Tasso ao grande Luis de Camões-; e por baixo d'este, outro de D. João de Almeida, tambem feito ao Poeta, imitando o do Tasso. Apesar d'esta edição ter sido revista por João Franco Barreto, não traz os argumentos que se attribuem a este escriptor. É pois sem fundamento que se lhe attribuem, porquanto tendo-se composto no anno de 1589 a Parodia dos Lusiadas, contrafeita à Bebedice, de que já fizemos menção n'esta obra, como consta de uma copia tirada do original, por Francisco Soares Toscano, em 1619, ali vem tambem parodiados os argumentos dos Lusiadas; e tendo João Franco Barreto nascido no anno de 1600, não podia compor os argumentos que já estavam escriptos no anno de 1589. Ao obsequio do sr. João José Barbosa Marreca devi o poder examinar esta edição, bem como a das Rimas de 1629 e 1632.

1632

RIMAS DE LUIZ DE CAMÕES. PRIMEIRA PARTE AGORA NOVAMENTE EMENDADAS NESTA ULTIMA IMPRESSÃO, 4632. COM TODAS AS LICENÇAS NECESSARIAS.

EM LISBOA, POR LOURENÇO CRAESBECK. 1632. 24.o

No frontispicio o mesmo emblema, ideado por João Franco Barreto, da espada e da penna, que vem na edição dos Lusiadas de 1631, e aos lados d'este emblema a data errada de 1623, erro que tem dado logar a alguns julgarem que existiu uma edição d'este anno. Não teriam caido n'este engano se tivessem examinado as licenças, das quaes a primeira é de 13 de Julho de 1632. A segunda, que é datada de 27 de Julho do mesmo anno, e assignada por Fr. Ayres Correia Dominicano, traz este elogio a Camões: «Imprimirem-se as obras de Camões Poeta insigne, hua e muitas veses, é divida que como agradecido se deve ao lustre que com ellas deu ao nome portuguez, e estas Rimas não desmerecem de que sayão outra vez à luz, para luzeiro dos Poetas, que agora lhe querem succeder. E assi me parece que dignamente se podem imprimir.» Não admira este elogio se nos lembrarmos que este mesmo Frei Ayres Correia foi um dos Commentadores de Camões. A ultima licença é de Novembro do mesmo anno.

Seguem-se os sonetos, em louvor do Poeta, de Diogo Bernardes, de Diogo Taborda Leitão, de um amigo do auctor, e o soneto centonico de João Gomes do Pego, com a indicação das paginas das obras do Poeta onde se encontram os versos; em seguimento, a dedicatoria de Lourenço Craesbeck, ao Marquez de Castello Rodrigo.

1632

RIMAS DE LUIS DE CAMÕES. SEGUNDA PARTE AGORA NOVAMENTE EMENDADAS NESTA ULTIMA IMPRESSÃO, COM TODAS AS LICENÇAS NECESSARIAS.

EM LISBOA, POR LOURENÇO CRAESBECK. 1623, 24.0

Traz o emblema da espada e da penna, e a data com o mesmo erro de 1623, em logar de 1632. As licenças são as mesmas da primeira parte. Depois das licenças, um panegyrico de Camões com este titulo: Diogo Henriques de Vilhegas, á Memoria de Luis de Camões Principe dos Poetas. N'este elogio se allude a uma correspondencia do Conde de Villa Mediana com o Tasso, em que se fazia menção de Camões. Esta

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