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Foi filho, como consta da dita memoria, de Simão Caldeira e D. Joanna de Brito; recebeu o grau de Bacharel no anno de 1587, e repetiu n'este anno, n'esta Universidade da qual foi Lente, uma oração em louvor das Sciencias. Foi Conego de Evora, e Prior da igreja de Santo Estevão de Santarem de que tomou posse em 1616. Seguiu o partido do Prior do Crato, e se achou na batalha de Alcantara; porém depois parece que reconsiderou, pois, ou por medo ou para se justificar, fez uma oração a Filippe II na sua entrada em Santarem. Foi muito favorecido de D. Theotonio de Bragança. Pertenceu á Academia Sertoria de Evora com o nome de Encyclopedico, e á dos Ambientes no anno de 1615. Falleceu a 2 de Março de 1630, e jaz na capella mór da igreja de Santo Estevão de Santarem onde tem este epitaphio: -Sepultura do Dr. Luiz da Silva Brito, Prior que foi d'esta Igreja, Protonotario Apostolico, Penitenciario da Sé de Evora, e Vigario Geral e Provisor e Governador muitas vezes no Arcebispado de Evora por espaço de vinte e seis annos 1630. (Tem escudo de armas.)

FRANCISCO RODRIGUES DA SILVEIRA

(16..)

OBJECÇOENS DO PONTUAL PERSEGUIDO Á LUSIADA DE CAMÕES

POR FRANCISCO RODRIGUES DA SILVEIRA. MS.

Esta obra conservava-se na bibliotheca do Cardeal Sousa, hoje do Duque de Lafões; já ali não existe.

Foi natural de Lamego e serviu na India: compoz uma obra sobre este Estado que dedicou em Madrid a Filippe II. Manuel de Faria e Sousa faz menção do auctor na adv. ao tom. 1 da Asia Portugueza, apontando no catalogo dos livros manuscriptos relativos à Historia da India, que consultou para escrever a sua Asia, a obra do dito Francisco Rodrigues da Silveira Reformação da Milicia da India, livro que diz ser escripto com grande juizo e muita elegancia.

Por Carta de 26 de Novembro de 1606 houve mercê de 505000 réis de tença, em respeito aos seus serviços feitos nas partes da India e ao trabalho que teve no livro que fez dó bom governo do Estado da India, e a ser pobre, e estar manco de uma perna, e não poder ir servir o cargo de feitor de Ormuz com que foi despachado. Liv. 17 de Filippe II, fl. 181.

MANUEL CORREIA

(1613)

OS LUSIADAS DO GRANDE LUIS DE CAMÕES PRINCIPE DA POESIA HEROICA, COMMENTADOS PELO LICENCEADO MANUEL CORREIA, EXAMINADOR SYNODAL DO ARCEBISPADO DE LISBOA E CURA DA IGREJA DE S. SEBASTIÃO DA MOURARIA, NATURAL DA CIDADE DE ELVAS. DEDICADOS AO DOUTOR D. RODRIGO DA CUNHA, INQUISIDOR APOSTOLICO DO SANTO OFFICIO DE LISBOA, POR DOMINGOS FERNANDES SEU LIVREIRO. EM LISBOA, POR PEDRO CRASBECK, ANNO 1613. 4.o

Depois das licenças vem a dedicatoria a D. Rodrigo da Cunha, e logo depois uma declaração do Commentador ao leitor, em a qual diz que fizera, ha muitos annos, estas annotações sobre os Cantos de Luiz de Camões a pedido de um amigo, sem intento de as imprimir, porque se o pretendêra o fizera em vida de Camões, que lh'o pedíra com instancia. Mas agora as dava á luz importunado por alguns para que os imprimisse, e por sair pela honra de Luiz de Camões, que por a sua obra não ser entendida de todos, era calumniada de muitos, e declarada de alguns; os quaes sem lume das letras lhe põem annotações que servem mais de o escurecer e deshonrar, pois são contra o sentido do Poeta e verdades das historias e poesias. Em seguida vem o prologo biographico de Pedro Mariz, e começa depois o commentario. N'este prologo diz Pedro Mariz que arrematára estes Commentarios na almoeda a que mandou proceder o Tribunal da Legacia, dos bens do fallecido como espolios da Sé Apostolica.

É pena, ou antes omissão indesculpavel, que Manuel Correia não acompanhasse este seu Commentario de uma biographia circumstanciada do Poeta.

Manuel Correia nasceu na cidade de Elvas. Foi Licenceado em Canones, Examinador Synodal do Arcebispado de Lisboa, e Parocho de S. Sebastião da Mouraria. Correspondia-se com Justo Lipsio que lhe escreveu uma carta que é a 96 da Centuria ad Italos et Hispanos. Parece que exerceu o magisterio, pois d'esta carta consta que D. Nuno de Mendonça, mancebo tambem da predilecção de Justo Lipsio, fôra seu discipulo. Foi mui versado nas linguas hebraica, grega e latina, e teve particular amisade com Camões, que parece ter sido seu parochiano. Fazem menção do auctor Faria e Sousa na Vida de Camões;

Marangoni, Thesaur. Paroch, tom. II pag. 251; Nic. Ant., Bibl. Hisp., pag. 204; João Soares de Brito, Theat. Lus. Litt., Let. E n.° 29; Francknau, Bibl. Hisp. Gen., pag. 104; Antonio de Leão, Bibl. Orient., pag. 26.

Na Arte de Musica de Duarte Lobo, e nos Aforismos de Ambrosio Nunes, impressa a primeira obra no anno de 1602 e a segunda em 1603, ha versos de Manuel Correia em louvor dos dois auctores. Traduziu mais Cornelio Tacito, MS.

D. FRANCISCO ROLIM DE MOURA

(16...)

ADVERTENCIAS A ALGUNS ERROS DE LUIZ DE CAMOENS EM OS LUSIADAS. POR D. FRANCISCO ROLIM DE MOURA. MS.

Foi xiv Senhor da Azambuja e Montargil, do morgado de Marmelar, etc.; nasceu em Lisboa no anno de 1572, e foi filho de D. Antonio Rolim de Moura e D. Guiomar da Silveira, filha de João Rodrigues de Beja, Vedor do Infante D. Luiz; morreu a 12 de Novembro de 1640, dezenove dias antes da restauração de D. João IV, e jaz na capella mór da igreja da Misericordia da villa de Azambuja.

Fazem menção d'este auctor, alem de outros, Manuel de Gallegos no Templo da Memoria, liv. Iv, est. CLXXXXIV, e D. Francisco Manuel, Hosp. das Let. A sua obra não se encontra já em poder do seu actual representante o sr. Marquez de Loulé, o que tivemos occasião de averiguar.

FRANCISCO SOARES TOSCANO

(1619)

NOTICIA QUE PRECEDE A PARODIA DO I CANTO DOS LUSIADAS FEITA PELO DOUTOR MANOEL DO VALLE DE MOURA, BARTHOLOMEU VARELLA, LUIS MENDES DE VASCONSELLOS E O LICENCEADO MANOEL LUIS

N'esta noticia dá informação d'estes auctores, e da maneira como foi composto este poema, que elle trasladou do proprio original e letra de Bartholomeu Varella, que estava em poder do Chantre da Sé da cidade de Evora Manuel Severim de Faria. Esta noticia é assignada com a data de 40 de Janeiro de 1649.

Francisco Soares Toscano era natural de Evora; Barbosa nada nos diz da sua vida e mais circumstancias. Foi auctor da obra Parallelos de Principes e Varoens Illustres Antigos, a que muitos da nossa portugueza nação se assimilharam em suas obras, ditos e feitos, etc. Evora, 1623.

GASPAR ESTAÇO

(1622)

VARIAS ANTIguidades de PORTUGAL, AUTOR GASPAR ESTAÇO. LISBOA, POR PEDRO CRAESBECK IMPRESSOR DE EL-REI. ANNO 1621

No cap. xxi, n.° 7, alludindo á façanha de Egas Moniz, se refere a Luiz de Camões que a relatou, o qual com seu bom juizo e curiosa eleição recolheu de nossas historias as pedras preciosas de mais estima, para com ellas honrar a obra dos seus Lusiadas,

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DISCURSOS VARIOS POLITICOS, POR MANOEL SEVERIM DE FARIA.

EVORA, POR MANOEL DE CARVALHO, 1624

A folhas 87 d'estes Discursos vem uma Vida de Camões; é depois do prologo biographico escripto por Pedro Mariz, e que acompanha os Commentarios aos Lusiadas por Manuel Correia (1613), a mais antiga e bem escripta que possuimos do Poeta; o auctor serviu-se das poesias de Camões para apurar factos biographicos, e defende o seu poema das criticas de alguns censores. Junto a esta vida vem o retrato do Poeta de que já fizemos menção, o qual copiado de um que possuia Manuel Correia, amigo de Camões, mandou gravar Gaspar Severim de Faria.

Nolas ás Lusiadas de Luis de Camoens. MS. -N'ellas achou Manuel de Faria e Sousa, como escreve nas addições aos Commentarios dos Lusiadas, pag. 647, cento e cincoenta logares de auctores que o Poeta tinha imitado, e entre estes vinte e quatro que lhe foram occultos.

Manuel Severim de Faria nasceu em Lisboa em 1585, foi filho de Gaspar Gil Severim e de D. Julianna de Faria, sua prima, filha de Duarte

Severim e Maria Severim; renunciou n'elle seu tio a Conezia em Maio de 1608, o Chantrado em 1609. Morreu em Evora de idade de setenta e dois annos a 25 de Setembro de 1655.

JOÃO NUNES FREIRE

(1626)

OS CAMPOS ELYSIOS. PORTO, 4626. 4.

Refuta a asserção de Petrarcha, a quem seguiu o famoso Luiz de Camões, sobre os amores de Anibal, dizendo que os historiadores tal não dizem, e Vellutello, Commentador de Petrarcha, sómente aponta a Plutarcho, pag. 217.

João Nunes Freire era natural do Porto: traduziu tambem a Thebaida de Estacio.

MANUEL DE GALLEGOS

(1626)

GIGANTOMACHIA. POEMA. LISBOA, 1626

No preludio a fol. 6, referindo-se a uma passagem de Ovidio, interpreta estes versos do nosso Poeta, que diz que fue el que solo penetró los reconditos de los poetas latinos

e o sol ardente

Queimava então os Deuses que Typheo
Com temor grande em peixes converteo.

No fim d'este preludio, alludindo ao Gigante Adamastor, diz que segue a Luiz de Camões na distribuição que faz da batalha dos gigantes em tres esquadrões.

No discurso poetico que precede a edição da Ulissea de Gabriel Pereira de Castro, elogiando a este pelo talento que mostrou no exordio da narração que começa no principio da fabula, critica Camões por começar no meio, e mais adiante diz: «E não se entenda que o meu animo é reprovar a Luiz de Camões, que isto, em que elle se não ajustou com a arte, é cousa, em que muitos se enganaram; e não lhe tira a au

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