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VERSOS DE VARIOS POETAS PORTUGUEZES

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VERSOS DE VARIOS POETAS PORTUGUESES EM QUE ENTRAM 268 SONETOS, DE QUE A MAIOR PARTE SÃO DE CAMOENS; ALGUNS NÃO ANDÃO IMPRESSOS, E TEM DIVERSAS LIÇOENS E DECLARÃO O ASSUMPTO. MS.

Pertencia ao Conde de Vimieiro. Veja-se a conta do exame dos seus manuscriptos dada á Academia de Historia no anno de 1724, pelo Conde da Ericeira, n.o 100.

OBRAS VARIAS E CARTAS DE LUIZ DE CAMOENS

(15...)

OBRAS VARIAS QUE NÃO SÓ CONTEM MUITOS VERSOS, DISCURSOS E CARTAS EM QUE ENTRÃO MUITAS DE LUIS DE CAMOENS, E TODAS

AS DO CELEBRADO FERNÃO CARDOSO. MS.

Existiam na livraria do Conde de Vimieiro.

Veja-se a conta dada á Academia de Historia pelo Conde da Ericeira no anno de 1724, n.o 172. Julgo que Manuel Severim de Faria teve conhecimento d'este manuscripto.

FRANCISCO RODRIGUES LOBO

(1601)

A PRIMAVERA. LISBOA, POR JORGE RODRIGUES, 1604. – O PASTOR PEREGRINO, SEGUNDA PARTE DA PRIMAVERA. LISBOA, POR ANTONIO ALVARES, 1608

Parece alludir a Camões na Jornada iv do Pastor Peregrino. Tem havido quem pretenda que a Primavera e o Pastor Peregrino fosse o perdido Parnazo de Camões; porém comparando as poucas amostras que nos ficaram da prosa do nosso Epico com a das obras de Francisco Rodrigues Lobo, se conhece a pouca consistencia que deve ter esta opinião, e ainda mais sendo os assumptos differentes. Mas se dizemos isto emquanto á prosa, que é mui distincta uma da outra, não o

diremos emquanto às suas poesias, chegando algumas a deixar duvida da sua procedencia, sendo uma grande parte cheia de locuções de Camões, e tomando por typo as suas poesias. Apontaremos algumas de passagem que muito se assimilham, e em que se dá o caso que apontâmos. Seja a primeira a metamorphose de Sileno que começa:

Sileno sou que em fonte convertido, etc.

Indubitavelmente n'esta composição teve em vista a ecloga dos Faunos, e é provavel que a visse no manuscripto, porque n'ella pretendeu deixar-nos as oitavas que depois se cortaram n'aquella ecloga, podendo aproveitar-se da sua descripção, por a ter visto, que apropriou ao seu assumpto. Na Floresta xi

Reliquias saudosas que em memoria,

o estylo e assumpto é de Camões. O mesmo diremos de outra poesia na mesma Primavera a um desterro comprido, a qual começa:`

Ó tarde saudosa

a qual sem duvida foi feita tambem com o pensamento na primeira ode do mesmo Camões. Alem d'isto glosou o soneto

e o terceto

Horas breves do meu contentamento,

'Amor com falsas mostras aparece,
Tudo possivel faz, tudo assegura
Mas logo no melhor desaparece!

José Maria da Costa e Silva, no seu Ensaio Biographico dos Poetas Portuguezes, defende Francisco Rodrigues Lobo do plagiato de Camões de que é accusado por Manuel de Faria e Sousa; nós tambem não nos atrevemos a accusa-lo, e apenas nos limitamos a asseverar que em algumas das suas poesias achamos muita analogia com outras do nosso Epico.

Francisco Rodrigues foi natural de Leiria e filho de André Lazaro Lobo e de Joanna de Brito Gavião, pessoas nobres. Não se sabe o anno do seu nascimento, que devia ser pelo meado do seculo XVI, porque no

anno de 1596 publicava os seus Romances. Não se sabe particularidades da sua vida, sómente que residia em Leiria, e que em uma digressão a Lisboa, ao descer o Tejo vindo de Santarem, por effeito de uma tempestade, morreu afogado; e sendo arrojado á praia o seu cadaver, foi enterrado na antiga igreja de S. Francisco, na capella denominada das Queimadas. Ignorava-se o anno da sua desastrada morte; o sr. Innocencio mui judiciosamente a colloca posteriormente ao de 1623, em que publicou a Jornada de Filippe III a Portugal.

BALTHASAR ESTAÇO

(1604)

SONETOS, CANÇOENS, EGLOGAS E OUTRAS RIMAS COMPOSTAS POR BALTHASAR ESTAÇO CONEGO DA SÉ DE VISEU, NATURAL DE EVORA. DIRIGIDAS E R.M D. JOÃO DE BRAGANÇA BISPO DE VISEO. EM COIMBRA

AO ILL. MO
ANNO 1604

ΜΟ

Na canção i se refere ao pouco premio que teve Camões pelos seus

versos.

Como queres que cante

A gente que não ouve?

Como queres que faça a Musa humana

Que minha voz levante

E que com ella louve

A quem com esperanças vans me engana?

Se a Musa profana

Melhor se premeara

Não era o erro tanto

Abaixar pelo premio d'alto canto,

Mas se eu assim cantara

Tivera o premio humano

Que teve o grão cantor do Oceano.

Se a mente ás Musas dada

O premio lhe tirou

Do esforçado braço ás armas feito,

Como será estimada

A Musa que cantou

Fundada só no verso mal aceito?

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Glosou tambem em oitavas o soneto

Horas breves do meu contentamento.

Balthazar Estaço, irmão do nosso celebre antiquario Gaspar Estaço, nasceu em Evora no anno de 1570 e foi Conego na Sé Cathedral de Viseu; tinha dez annos quando Camões morreu, e assim ainda foi contemporaneo d'elle. Não se sabe ao certo a epocha da sua morte. Póde ver-se no Diccionario Bibliographico do sr. Inocencio Francisco da Silva o juizo critico d'este escriptor.

FERNÃO ALVARES DO ORIENTE

(1607)

LUSITANIA TRANSFORMADA COMPOSTA POR FERNÃO ALVARES DO ORIENTE, DIRIGIDA AO ILLUSTRISSIMO E MUI EXCELLENTE SENHOR D. MIGUEL DE MENESES MARQUEZ DE VILLA REAL, CONDE DE ALCOUTIM E DE VALENÇA, SENHOR DE ALMEIDA, CAPITÃO E GOVERNADOR DE CEUTA. COM LICENÇA DO SUPREMO CONSELHO DA SANTA INQUISIÇÃO E DO ORDINARIO. IMPRESSA EM LISBOA POR LUIZ ESTUPINAM. ANNO 1607

Mais de uma vez n'esta obra se refere o auctor a Camões e aos seus Lusiadas, especialmente na Prosa Iv e x; foi grande enthusiasta do Poeta, glosando algumas das poesias, inserindo versos d'elle nas suas e imitando-lhe o estylo, o que deu logar a alguns pretenderem que a Lusitania Transformada era o perdido Parnazo de Camões, mas sem a menor rasão. A constante e enthusiastica imitação de Camões, de quem devêra ser companheiro d'armas, é muito interessante, pois serve não pouco para discriminar as poesias do nosso Poeta, postas em duvida pela similhança que sempre apresenta.

Fernão Alvares do Oriente nasceu na cidade de Goa, e no anno de 1542,, segundo se conjectura; serviu na India alguns annos, e vindo para o reino foi por Capitão de uma companhia de soldados á batalha de Alcacer-Kibir onde ficou captivo, e falleceu entre 14 de Agosto de 1597 e 25 de Março de 1598, em que se passou carta a seu filho Luiz Alvares, das duas viagens da Costa de Coromandel para Malaca, de que seu pae havia mercê, e n'elle nomeára por testamento, como consta da dita carta.

PEDRO MARIZ

(1613)

PROLOGO BIOGRAPHICO DE LUIZ DE CAMÕES: AO ESTUDIOSO

DA LIÇÃO POETICA

Este prologo ou biographia precede os Commentarios aos Lusiadas de Camões por Manuel Correia, publicados no anno de 1613, e de que Pedro Mariz foi editor.

Parece que já antes havia escripto a vida do Poeta na edição de 4601, hoje inteiramente desconhecida, como affirma Thomás de Aquino no seu discurso preliminar que acompanha a edição das obras do Poeta de 1779-1780.

Pedro Mariz nasceu em Coimbra, e foi filho de Antonio de Mariz, impressor na mesma cidade. Foi Presbytero e Bacharel em Canones, Guarda-mór da livraria da Universidade de Coimbra, Corrector da sua impressão e Provedor perpetuo do hospital da villa da Castanheira. Os seus Dialogos de Varia Historia sairam impressos em Coimbra na officina de seu pae Antonio de Mariz, no anno de 1594.

LUIZ DA SILVA BRITO

(16..).

COMMENTO ÁS LUSIADAS DE CAMOENS POR LUIZ DA SILVA BRITO. MS.

Fazem menção d'esta obra: Faria e Sousa, Vida de Camões, § 30.o João Soares de Brito, Theat. Lusit. Litt., letra L, n.o 49. Talvez este Commentario existisse entre as obras manuscriptas que possuia d'este auctor o professor de Philosophia Bento José de Sousa Farinha.

Deixou tambem o mesmo Luiz da Silva Brito um Commentario ás Poesias de Francisco de Sá de Miranda, MS., que devia ser interessante por ser quasi contemporaneo d'aquelle poeta.

A Bibliotheca Lusitana de Diogo Barbosa Machado poucas noticias dá d'este escriptor, porém na conta dada á Academia de Historia pelo Conde da Ericeira no anno de 1724, dos manuscriptos do Conde de Vimieiro, n.° 72 e 77, se faz menção das suas obras poeticas e em prosa, e vem uma noticia biographica.

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