Sacralidade das águas corporaisEdições Loyola, 22 de abr. de 2004 - 96 páginas O homem é o único animal capaz de distinguir a água comum da água benta. Os significados maiores das águas são frutos do discernimento e do amadurecimento pessoal e espiritual. Penetrar no mistério e na riqueza dos úmidos relatos bíblicos e evangélicos requer um mínimo de informações sobre a visão das águas na tradição judaica, na qual inseria-se plenamente o judeu-galileu Jesus de Nazaré, bem como os autores dos evangelhos. Este livro introduz o leitor no universo espiritual das águas da tradição judaica, fonte de mais de 4.000 anos de seiva criadora. Elas circulam desde as raízes religiosas e históricas dos israelitas até os ramos da diáspora e do exílio. Elas perfumam as chagas e as flores mais doloridas da aventura dos hebreus, até dar seus mais belos frutos na poesia, na liturgia, na mística do judaísmo. E existe uma boa nova das águas. Para os cristãos, as manifestações de sede de Jesus não eram apenas a vontade de um pouco de água. As lágrimas de Jesus não eram mero fruto da emoção. Ao lavar os pés de seus discípulos, Jesus não cumpria simplesmente um ritual de higiene. As menções evangélicas a seu suor não podem ser reduzidas ao produto de um esforço corporal. Ao usar sua saliva para curar cegos e surdos-mudos, tocando seus olhos, ouvidos e boca, Jesus não escandaliza nenhum dos presentes. As águas corporais de Jesus de Nazaré são a expressão de profundas realidades espirituais ligadas aos pés, mãos, boca, olhos, peito e pele. A preocupação com o destino das águas na natureza e com a conservação dos ecossistemas pode levar o ser humano a descobri-las na vida e no coração dos homens. Santificação e profanação, contaminação e imaculização são realidades interiores possíveis e presentes, face a face, nas secreções líquidas e humanas: saliva, esperma, sangue menstrual, lágrimas, águas uterinas, urina e suor. Todas as secreções corporais foram mobilizadas pelo divino ao longo dos escritos sagrados e da história da revelação. Este livro mostra como essa pluralidade escoa de uma única fonte de águas primordiais, origem da maleabilidade do barro humano. |