Thesouro poetico da infancia

Capa
Antero de Quental
E. Chardron, 1883 - 218 páginas
 

Páginas selecionadas

Conteúdo

Passagens mais conhecidas

Página 8 - Acima, acima, gajeiro, Acima ao tope real! Olha se enxergas Espanha, Areias de Portugal. — Alvíssaras, capitão, Meu capitão general! Já vejo terras de Espanha, Areias de Portugal; Mais enxergo três meninas Debaixo de um laranjal: Uma sentada a coser, Outra na roca a fiar, A mais formosa de todas Está no meio a chorar. — Todas três são minhas filhas, Oh! Quem mas dera abraçar! A mais formosa de todas contigo a hei-de casar. — A vossa filha não quero, Que vos custou a criar.
Página 84 - Não fala aos homens de amor. Meiga lua, os teus segredos Onde os deixaste ficar ? Deixaste-os nos arvoredos Das praias dalém do mar ? Foi na terra tua amada, Nessa terra tão banhada Por teu límpido clarão ? Foi na terra dos verdores, Na Pátria dos meus amores, Pátria do meu coração ? Ohl que foi!
Página 24 - Da pátria formosa distante e saudoso, Chorando e gemendo meus cantos de dor, Eu guardo no peito a imagem querida Do mais verdadeiro, do mais santo amor: — Minha Mãe! — Nas horas caladas das noites de estio Sentado sozinho co'a face na mão, Eu choro e soluço por quem me chamava — "O' filho querido do meu coração!
Página 25 - De noite, alta noite, quando eu já dormia Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus, Quem é que meus lábios dormentes roçava, Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus? — Minha Mãe! — Feliz o bom filho que pode contente Na casa paterna de noite e de dia Sentir as carícias do anjo de amores, Da estrela brilhante que a vida nos guia!
Página 216 - Não deu ele à avezinha o grão da espiga, Que ao ceifador esquece? Do norte ao urso, o sol da Primavera, Que o reanima e aquece? Não deu...
Página 7 - Que tem muito que contar! Ouvide, agora, senhores, Uma história de pasmar. Passava mais de ano e dia Que iam na volta do mar, Já não tinham que comer Já não tinham que manjar; Deitaram sola de molho Para o outro dia jantar; Mas a sola era tão rija, Que a não puderam tragar.
Página 149 - Esse cavalleiro, amigo, Morto está n'essc pragal, Com as pernas dentro d'agua, O corpo no areal. Sete feridas no peito A qual será mais mortal: Por uma lhe entra o sol, Por outra lhe entra o luar, Pela mais pequena d'ellas Um gavião a voar.
Página 215 - Uma primeira flor: Sobre o invisível eixo range o Globo: O vento o bosque ondeia: Retumba ao longe o mar: da vida a força A natureza anseia!
Página 87 - ... dor, Temos a mesma saudade, Sentimos o mesmo amor. Em Portugal, o teu rosto De riso e luz é composto; Aqui, triste e sem clarão; Eu lá sinto-me contente; Aqui, lembrança pungente Faz-me negro o coração.
Página 86 - É tão bela e tão feliz!... Amo as casinhas da serra, Co'a lua da minha terra, Nas terras do meu país.

Informações bibliográficas