Geografia dos mitos brasileiros

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Global Editora, 4 de set. de 2015 - 400 páginas
Lobisomem, Saci-Pererê, Mula sem Cabeça e muitos outros seres fantásticos, que povoam a imaginação do brasileiro, são os grandes personagens da Geografia dos mitos brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo. Para muita gente, perdida pelos grotões e roças do país, eles são criaturas tão vivas quanto o vizinho ou o leitor. Não é para menos. Alguns costumam se intrometer na vida humana, como perturbadores ou entidades benéficas, exigindo doações (o fumo de rolo que o caboclo deixa na encruzilhada para o Saci) ou atendendo pedidos, como o Negrinho do Pastoreio. Ou até engravidando moças, função exercida com muita competência pelo boto. Esses mitos, ainda palpitantes de vida entre a sociedade rural, estão presentes em todas as regiões do país, como assinala o levantamento de Mestre Cascudo, estado a estado, mas cada vez mais ameaçados pela penetração do rádio e da televisão. Como em todo fato social, há os mais populares (que Cascudo classifica como "mitos primitivos e gerais"), nos quais se incluem ainda as entidades que formam os ciclos "da angústia infantil" e "dos monstros". No primeiro, figuras aterradoras para as crianças, como a coca, as bruxas e o Mão de Cabelo, de Minas Gerais, que corta a "minhoquinha" dos meninos que não querem dormir. Entre os mitos de menor abrangência geográfica, que Cascudo classifica como "secundários e locais", há alguns que ultrapassaram a sua região e hoje são conhecidos em todo o país, graças à literatura (a Cobra-Norato, motivo do poema de Raul Bopp) e o Matita Pereira, da música de Antonio Carlos Jobim. Com a sua erudição sem pedantismo, sempre com o dom de interessar o leitor, Mestre Cascudo prova que a companhia dos monstros, muitas vezes, em vez de pesadelo, pode ser uma viagem "legitimamente maravilhosa".

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Sobre o autor (2015)

Um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia no Brasil, Luís da Câmara Cascudo viveu quase toda sua vida no Rio Grande do Norte. Lia muito, recebia visitas, escrevia demais. Em suas viagens fazia amigos e ouvia histórias. Trocava muita correspondência. Por ser um homem muito querido, recebia – por escrito ou ao pé do ouvido – muitas informações sobre "causos" que embalaram o sono e assustaram gerações e gerações. Professor Cascudo, como historiador que era, também pesquisou os caminhos trilhados pelo homem e seu legado nos deixou as mais preciosas informações sobre a cultura brasileira. Em 1954, lançou a sua obra mais importante como folclorista, o Dicionário do Folclore Brasileiro, obra de referência no mundo inteiro. No campo da etnografia, publicou vários livros importantes como Rede de Dormir, em 1959, e História da Alimentação no Brasil, em 1967. Publicou depois, entre outros, Geografia dos Mitos Brasileiros, com o qual recebeu o prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras. O pesquisador trabalhou até seus últimos anos e foi agraciado com dezenas de honrarias e prêmios. Morreu aos 87 anos.

Informações bibliográficas