A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO E INVENÇÃO SOCIAL

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 DOWNTOWN

No título do livro que agora se apresenta como produto de um projeto aprovado pelo Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Newton Paiva temos palavras interessantes, nos referimos a inclusão e invenção, acompanhadas da palavra música. No mesmo projeto temos a participação de cinco áreas distintas do conhecimento: psicologia, direito, fisioterapia e pedagogia, acompanhadas da música. Isso seria desde já caldo bastante para dizer que a pesquisa caminha no bom terreno da procura pelo outra e pela outra, por uma diferença que pede passagem e que por vezes é silenciada por um monismo científico que ao fim das contas é opressor e preconceituoso.

Foi importante dizer estas palavras pois nossa pesquisa está sustentada em duas dimensões marginais, ora, a música não comparece corriqueiramente como artefato científico que sustente teses, tampouco, pessoas com síndrome de down carreiam saberes. Ao contrário, até então, o que se observa é um corte racional que se operou dentro da construção humana, e esta,  sem saber, pela arrogância de saber demais, limou sua própria condição de transcendência, limitando o conhecimento a um arranjo metodológico fundado na razão. Bom, o que temos aqui é uma pesquisa inspirada em uma pessoa com síndrome de down que toca vários instrumentos, possui banda, já gravou cd e tem uma vida social extremamente ativa e vivaz. Além disso, o Dudu, personagem da vida real que inspira essa pesquisa, nos mostrou que a música pode extrapolar essas barreiras que vão desde o conhecimento científico até a própria relação ética entre as pessoas.

Daí que nossa pesquisa esteve atenta, portanto, àquilo que pretendemos enquanto projeto de relação humana, que é, de per si, plural, multi e necessariamente ávida pelo que vem, pelo que é invento e criação. A ONU com seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS objetiva várias dimensões, e atento a esta questão, o Centro Universitário Newton Paiva direcionou os projetos de pesquisa para essa realização. Ao mirarmos para o que fizemos, percebemos o quanto a fisioterapia para as pessoas com down contribui com o ODS 3: “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”, da mesma forma que a pedagogia quando privilegia as inteligências múltiplas abre as portas para a diferença e para a inclusão, afetando diretamente o ODS 4: Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

O projeto contou com a participação de três professoras, Eliane Monken, Renata Lima e Sheyla Santos, bem como, de Suzanna Soares, Gabriela Oliveira, Carolina Gomes, Izabela Linhares, Roberta Sena, Leila de Oliveira, Ariany Bispo, Sarah Abdon, Isabela Costa, todas alunas do Centro Universitário Newton Paiva, exceto Suzanna, pesquisadora convidada do curso de Direito da UFU. Esses números são para compararmos com a participação de três professores e dois pesquisadores, o que nos catapulta democraticamente direto para o ODS 5: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Ainda dentro da pesquisa, a psicologia nos abre a dimensão da sublimação pela arte, que aliada à garantia de direitos das pessoas com deficiência, a partir do Estatuto da Pessoa com deficiência, que fora trabalhado pelos pesquisadores e pesquisadoras do curso de direito, indicam-nos que o ODS 10: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles, e o ODS 16: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis, foram cumpridos.   

Três palavras para dizer de uma virada de página, não há livros sem invenção, como não há livros sem leitores e leitoras. A inclusão faz a gente construir uma sociedade que dança: down-town!!!

Bernardo G.B. Nogueira


 

Termos e frases comuns

Sobre o autor

 Bernardo G.B. Nogueira | Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Informações bibliográficas