Viagens na minha terra, Volume 1

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Página 151 - a duas coisas, duvidar e destruir por principio, adquirir e enriquecer por fim ; é uma seita toda material em que a carne domina eo espirito serve ; tem muita força para o mal; bem verdadeiro, real e perduravel, não o póde fazer.
Página viii - Mas ainda assim, e com isto somente, ele não faria o que faz se não juntasse a tudo isto o profundo conhecimento dos homens e das coisas, do coração, humano e da razão humana; se não fosse, além de tudo o mais, um verdadeiro homem do mundo, que tem vivido nas cortes com os príncipes, no campo com os homens de guerra, no gabinete com os diplomáticos e homens de Estado, no parlamento, nos tribunais, nas academias, com todas as notabilidades de muitos países — e nos...
Página 102 - Odyssea das minhas viagens tenho de inserir o mais interessante e mysterioso episodio d'amor que ainda foi contado ou cantado, como heide eu fazê-lo, eu que ja não tenho que amar n'este mundo senão uma saudade e uma esperança— um filho no berço e uma mulher na cova?
Página 92 - As paixões más, os pensamentos mesquinhos, os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe. Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração.
Página 73 - ... me diz na natureza. Há um vago, um indeciso, um vaporoso naquele quadro, que não tem nenhum outro. Não é o sublime da montanha, nem o augusto do bosque, nem o ameno do vale.
Página 80 - ... boas noites ! era sem-saboria irremediavel. Deixou uma collecção immensa de peças de theatro que ninguem conhece, ou quasi ninguem, e que nenhuma soffreria talvez representação; mas rara é a que não poderia ser arranjada e appropriada á scena. — Que mina tão rica e fertil para qualquer mediano talento dramatico ! Que bellas e portuguesas coisas se não podem extrahir dos treze volumes — são treze volumes e grandes!
Página 27 - A sociedade é materialista; ea literatura, que é a expressão da sociedade, é toda excessivamente e absurdamente e despropositadamente espiritualista! Sancho rei de facto, Quixote rei de direito. Pois é assim; e explica-se. É a literatura que é uma hipócrita...
Página 112 - E doutras rosas, destas rosas-rosas que denunciam toda a franqueza de um sangue que passa livre pelo coração e corre à sua vontade por artérias em que os nervos não dominam, dessas não as havia naquele rosto: rosto sereno como é sereno o mar em dia de calma, porque dorme o vento...
Página 28 - ... profundo em gyria de cegos e ladrões . . . e ahi fica a Azambuja com uma estalagem que não tem que invejar á mais pintada e da moda n'este seculo elegante, delicado, verdadeiro, natural ! É como eu devia fazer a descripção : bem o sei. Mas ha um impedimento fatal, invencivel — egual ao d'aquella famosa salva que se não deu. . . é que nada d'isso lá havia. E eu não quero calumniar a boa gente da Azambuja.
Página 106 - ... se ia alternando como o pulso de um que treme sezões. Mas a velha não tremia, antes se tinha muito direita e aprumada: o parar do seu lavor era porque o trabalho interior do espirito dobrava, de vez em quando, de intensidade, e lhe suspendia todo o movimento externo.

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