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ocasião de nos referir adiante. Medeiros Costa, oficial legalista, teve grande atuação durante o período revolucionário, sendo comandante destacado de forças imperiais.

Pag. 34 TENENTE CORONEL JOÃO DA SILVA TAVARES Prestou, como veremos desta documentação, relevantes serviços á causa imperial. Nasceu Silva Tavares, na freguesia do Herval, a 16-III-792, sendo filho de José da Silva Tavares e Joana Facundo Tavares, e faleceu em Bagé, a 28-III-872. Foi 1.o barão e 1.o visconde de Serro Alegre. A viscondessa de Serro Alegre faleceu em Agosto de 886. Deixou o casal os seguintes filhos: Brigadeiro honorario João Nunes da Silva Tavares, com relevantes serviços, no Paraguái e barão do Itaqui; tenente coronel José Facundo da Silva Tavares; Joaquim da Silva Tavares, barão de S. Tecla; dr. Francisco da Silva Tavares, que foi deputado geral. e José Bonifacio da Silva Tavares.

Pag. 36- ALEMÃES ASSALARIADOS Como se verá da documentação inserta no texto, ecôavam sempre, na incipiente colonia de S. Leopoldo, fundada em 1824, todas as nossas questões. quer externas ou internas. A revolução de 35, devido á proximidade do teatro das operações iniciais, refletiu-se logo na região colonial. Formaram-se dois partidos. O liberal teve como agitador inicial a Herman von Salisch, que foi intérprete, advogado e jornalista, dirigindo o jornal revolucionario O Colono Alemão, em Porto Alegre. A este grupo aderiu, tornando-se depois um dos chefes valentes o coronel Germano Klinglhofer, e um seu filho. Pelo lado legalista aparece o coronel dr. João Daniel Hillebrand, de quem adiante trataremos. Outros elementos, de não menos destaque, são assinalados desde os pródromos revolucionarios: o major Otto Heise, João Frederico Krieger e o francês João Antonio Sarrazin, mais tarde conhecido "farrapo" nos acontecimentos revolucionários da vila da Cachoeira.

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TENENTE ANTÔNIO COELHO DE SOUZA Oficial do Exercito de 1.a Linha, o tenente Coelho de Souza, que foi um exemplo de bravura, e um convicto de seus ideais republicanos, nascera em S. Paulo, vindo muito moço para o Rio Grande do Sul. Casou-se em Porto Alegre com Rita Castorina da Silva, filha do Major José Jacinto Pereira e Maria Luiza Osório. (V. nota) Era Rita Castorina neta materna do coronel Manuel Luis da Silva

Borges, natural de S. Catarina e de sua mulher Ana Joaquina Osorio, natural da Conceição do Arroio, filha do tenente Tomaz José Luiz Osorio e de sua mulher Rosa Joaquina de Souza. Coelho de Souza morreu assassinado em campanha, sendo vítima de um soldado legalista, que o alvejou de dentro do mato. Deixou o casal vários filhos e, dentre êsses, a João Coelho de Souza, casado com Lelia Berlink, que são os pais do desembargador Paulino Coelho de Souza, do Superior Tribunal do Rio Grande do Sul. Como admiravel atestado do carater e das convicções dos homens daquele tempo, registramos a carta que se segue, escrita pelo tenente Antônio Coelho de Souza ao brigadeiro Tomaz José da Silva, seu compadre, em resposta a outra em que este lhe aconselhava abandonar as fileiras farroupilhas, acenando-lhe até com vantagens pecuniárias, e apelando para seus sentimentos de esposo e pai.

"Illmo. e Exmo. Sr. Thomaz José da Silva.-Meu compadre. Tenho prezente sua carta de 28 de Agosto ultimo, que me veio ás maós com bastante demora; esta deo cazo ao retardo de sua contextação, e folgarei ella prehencha os desejos de V. exa. como o faz a minha convicção: desejando responder precisa e categoricamente a V. exa. dividirei em tres periodos quanto enuncia ex visto serem em si distinctos, serei concizo em respondel-os, destruindo d'est'arte a suspeita que V. Exa. nutre. No primeiro periodo descreve V. exa. quanto se interessa em meu bem estar, e futura felicidade de minha familia: no segundo descreve os males que sofre o Rio Grande na prolongação da lucta em que está empenhado, alludindo mesmo a aventureiros ou especuladores; no terceiro e ultimo conclue convidando-me abandonar as fileiras Republicanas, offerecendo-me algumas garantias individuaes, e huma compensação pecuniaria se a meo exemplo conduzir outros cidadãos. Principiarei agradecendo a V. Exa. os bons desejos que annuncia nutrir a prol da minha familia, e será completo o meu prazer se em qualquer situação em que me ache collocado, poder patentear por factos minha gratidão. Responderei ao segundo periodo que diz respeito ao estado e males do Continente e sem fazer allusóes odiosas, nem uzar de escolhidas expressões e grande comentario, mostrarei basearem-se em pricipios falços os argumentos por V. Exa. apresentados: não ha mister repetir muitos factos para provar, quando fallo a V. Exa., como eu, testemunha das cousas proximas e remotas da resolução heroica que alfim tomaraó os Rio-Grandenses: victimas longo tempo do Governo portuguez e

brasileiro, reconheceram não ser já possivel conservarem-se ligados ao Brasil, quando existia em pura perda sua os vinculos que a elle os ligavaó: e esta razão, ao espirito do seculo, e mais que tudo as depredações e crimes de todo genero que em nome da Lei praticavaó os sectarios da monarchia forte, deve o Rio Grande sua regeneração: O Continente declarando-se independente fez uzo de hum direito soberano que he dado a todas as Nações o Povos do Globo quando chegados a idade viril, e que hum dia acarretará ao Rio Grande os mesmos encomios hoje despendidos aos Portuguezes que no Campo de Ourique sacudiraó o jugo de seus maiores, e ao Brasil quando a seu turno o mesmo praticou com Portugal. Os sarcasmos e diatribes que V. Exa. prodigamente irroga a cidadaós respeitaveis por suas virtudes civicas, aos Patriarchas da Liberdade Continentista, eu os repillo, pois sáo titulos privativos de seos detractores, e he a sediça doutrina de que tem uzado os tirannos, e despotas de todas as idades, para deprimirem e tornarem odiozos seos adversarios ante o Povo incauto, cego instrumento de suas malversações. Só o homem facinado por espirito de partido, e sórdido interesse, deixa de confessar a total impossibilidade de voltar o Rio Grande ao gremio brasileiro; salvo tendo por base o reconhecimento de sua Independencia: embalde se empregáo inuteis esforços para suffocar o principio Democratico no Brasil, que como por encanto reverdecerá em todos os seos angulos: as circumstancias do Estado Catharinense, e do Maranhão; a agitação de outras Provincias, assaz garantem quanto avanço, e patenteia que os ultimos esforços do vacillante throno brasileiro tenderá a tornar a sua queda mais fatal: esta se tem accelerado com os roubos, extorsóes, exterminios, e horrorosos assassinatos em nome da Lei impunemente praticados: os manes das victimas inermes immoladas perfidamente ao ferro homicida, clamáo vingança ! Naó he pois possivel por mais tempo ludibriar o Povo Brasileiro; elle reconhece que na fallencia de meios, e forças para batalhar os Rio-Grandenses, empregaó seos mandoés o punhal assassino, a perseguiçaó de cidadaós inermes, e dest'arte improvizaó victorias, e burlando da Naçaó obtem de seos illudidos representantes meios pecuniarios para manutençaó de huma guerra dezastrosa, que acabará com a total explosão do Brasil: tremaó entaó da vindicta Nacional áquelles que conduziraó as flamas ao precipicio! Tenho pois concludentemente demonstrado serem os monarchistas os principaes orgaós dos males que opprimem o Rio Grande, e todo o Brasil. e não os Republicanos do Continente; estes estão na fruição de seos inalienaveis direitos, e disputar-lhes

he o mais revoltante abuzo da força! Escudados da razão e justiça de sua cauza zombaó os Rio-Grandenses dos impotentes esforços do Imperio de S. Cruz, e dos realistas de ambos os mundos, que ouzaó fazer-lhe a guerra, desprezando seos baldoés e grosseiros insultos. Vejo-me chegado ao ultimo periodo, certamente áquelle que mais me sensibiliza, pois tende a propozição de V. Exa. a chocar-me no intimo de minha honra; todavia responderei como homem social, e com a dignidade que me he propria; e posto a conducta de V. Exa. me fornecesse arma para agredil-o, náo buscarei della escudar-me, certo que huma acçao menos pensada naó authoriza outra: a honra e a probidade existem de tal modo identificadas com a especie humana que em todos os paizes, idades e Povos, ella tem sido respeitada; emquanto a perfidia e trahiçào ha sempre merecido o desprezo geral, e seos auctores merecido os vituperios de que se tornaó credores, lamento pois, que V. Exa. quando se mostra interessado em meu bem estar, e felicidade de minha familia, ouze convidar-me a cometter huma traiçaó! Náo; eu prefiro a morte com todos os seos horrores a semelhante degradação, e baixesa: sáo estes os pricipios que servem de farol, as doutrinas que meos filhos bebem desde o berço; elles certamente mais se approximaó á virtude, e podem contribuir para seo futuro bem, e de seo Paiz, que os meios odiosos por V. Exa. indicados: he hum principio de direito universal, que o seductor, o homem que concita outro a hum crime, se constitue réo do mesmo, e evidencía sua capacidade de cometter: faço, porem melhor conceito de V. Exa., e estou certo que só faccionado pelo prisma das paixões, nâo reflectio em semelhante proposta, que sendo dezairosa a V. Exa. evidencia a nenhuma justiça da sua causa. Lamento o horrivel cativeiro que supporta meo sogro, e muitos outros RioGrandenses distinctos, prefiro a continuação das torturas e tormentos que a tirannia lhe prodigaliza a cometter esta baixesa. Ignoro o motivo por que falla V. Ex. no General Bento Manoel, e sem duvida nelle falou, possuido da ideia ahi acintosamente espalhada de se haver aquelle digno Chefe retirado do serviço: esta miseravel intriga he para illudir o Povo incauto, como outrora o fizeráo com a noticia de sua morte; porem prompto teráo igual desengano. Se V. Exa. a exemplo desse General reconhecendo a impossibilidade de sustentar-se a causa da realeza, quizer vir residir no seio dos Republicanos, o pode fazer livremente, pois tenho solicitado e obitido para V. Exa. o preciso indulto, e para qualquer outro cidadaó que comsigo deffecar dessas fileiras; e encontrará em nosso seio amigos ternos e carinhosos. Sem degradar-me, nem

offender a delicadeza de V. Exa., lhe dirijo este convite filho da minha convicção, e de minha razaó, unica que dirige minhas acções: serei feliz se o conseguir, pelas antigas relações, e o muito que desejo o socego, e felicidade de V. Exa., de minha comadre, e de toda a sua familia, a quem sua comadre muito se recommenda, e eu o faço muito particularmente por ser de V. Exa. compadre e amigo. Villa Setembrina 18 de Outubro de 1839. Antonio

Coelho de Souza."

Pag. 36 TENENTE ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA O tenente Leite, a quem coube dirigir forças nas imediações de S. Leopoldo, provinha do grande tronco Menezes e Vasconcelos, sendo, ainda aparentado com Bento Gonçalves. Nascera Triunfo, a 9-III-801, e era filho de Luis Leite de Oliveira, natural tambem de Triunfo e de Teresa Francisca, filha de Manuel Pereira Lagôa, port. e de Josefa Maria, da Laguna. Era neto paterno de José Leite de Oliveira, port. e de Fabiana de Ornelas filha de Jerônimo de Ornelas, irmã da avó materna de Bento Gonçalves.

Pag. 37 CORONEL JOSÉ MANUEL DE LEÃO Era natural da Laguna, filho de João José de Leão e de sua mulher Maria do Rosario, ali falecido em 1798, com 86 anos. Desta que foi a sua segunda mulher teve Leão dois filhos: José Manuel e Manuel José de Leão, que se estabeleceram no Rio Grande do Sul, o primeiro com estância e charqueada no município do Triunfo, onde foi, no principio da Revolução, coronel comandante de Legião da G. N. Tinha sido um dos fundadores da vila, sendo eleito presidente da sua primeira Câmara Municipal, em 1831. José Manuel era casado com Ana Ferreira da Silva, filha do capitão João Ferreira da Silva que casou com Maria Izabel de Azevedo, filha do ajudante José de Azevedo e Sousa e Bernardina do Espírito Santo Duarte, naturais da Colonia do Sacramento, e tronco da familia Azevedo e Souza, no Rio Grande do Sul. Manuel José foi casado com uma irmã de sua cunhada Ana, de nome Bernardina Teresa da Silva, sem descêndencia. Procede do primeiro a conhecida familia Leão, do R. G. do Sul.

Pag. 37 BELÉM - Distrito de Porto Alegre. Déve-se sua fundação ao capitão João Manuel de Pontes, cujo nome ainda encontrámos nos documentos referentes ao período farroupilha. Era Pontes natural de Lisbôa, filho de Nicolau Antonio de Pontes

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