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rasões ou documentos para uma ou outra cousa. É preciso confessar que tendo-se empregado n'este estudo homens eminentes. tanto antigos como modernos, pisando sempre o mesmo circulo, nós saímos d'esta zona; não o dizemos por vaidade, mas para provar que a tenacidade da vontade quando é impellida pelo gosto de uma occupação póde muito. N'aquelle poema immortal, que affrontará constantemente os seculos, como a Iliada e a Eneida, embora pereçam as nações, viamos a personificação da gloria da nossa patria, á saudosa recordação da qual nos convinha acolher por muitos motivos; embora lhe conhecessemos os erros inherentes a todos os seculos e proprios da fragilidade humana, aquella aureola de gloria illuminava os nossos olhos e irradiava no coração: gloria e mais gloria, é quasi toda a historia de nossos antepassados, e de mais liberdade do que se julga! Não admira pois que empregassemos toda a actividade no poeta que symbolisava tanto amor patrio, unico refugio de uma dor hoje insanavel.

Desentranhámos algumas poesias ineditas e variantes das obras do poeta, comquanto não fiquemos pela genuidade de algumas, o que acontece ás já anteriormente publicadas, porque não sendo tiradas de autographos, postoque algumas de apographos, ahi vão a cargo de copiadores, embora alguns antigos.

Conheciam-se poucas traducções e obras relativas ao poeta, augmentámos consideravelmente este peculio bibliographico; e emquanto a traductores sabe já hoje o publico, por empenho nosso, que em quatorze linguas se encontram divulgadas as nossas glorias pela reproducção do poema e por differentes traductores.

Isto é até ao presente o que podémos conseguir; estimaremos que algum critico illustrado nos vença e lance a barra

adiante n'este triplicado empenho; reputaremos que será esta

a mais valiosa das criticas: as outras são faceis.

Isto que aqui deixamos consignado não o tome o leitor á conta de vaidade, porque temos para nós que de todos os defeitos do escriptor é este o mais indesculpavel; todos errâmos e todos acertamos. Demais a critica não é outra cousa, senão uma opinião individual; porque todo o leitor medianamente illustrado e instruido não precisa d'este bordão para esclarecer-se e fixar a sua opinião.

Lançámos aqui estas reflexões, porque tendo por costume não entrar em discussões, não queremos que se julgue que nos abstemos de tomar parte n'estas lutas quando estas se apresentem por sobranceria, que nada podia justificar, ou por pouco respeito e attenção com os contendores, mas porque as reputámos sempre inglorias, não proveitosas e por vezes pouco cortezes. Nunca nos abaixámos na rua a levantar a pedra para a despedir contra os transeuntes que passam socegados sem incommodar ninguem, ou para responder à arremessada; se esta nos acerta, preferimos deixar-nos lapidar, a usar da mesma arma que encontrariamos de caminho; é arma de que nunca usámos; por isso não espere o leitor encontrar-nos n'esta arena.

Estas forçadas explicações tornam-se necessarias para justificar o nosso systema de completa abstenção nos pugilatos litterarios.

Esquecia-nos dizer que as photographias dos bustos, tiradas no claustro de Belem, foram excellentemente executadas pelo sr. L. A. Marrão, e gravadas pelo sr. Barreto, empregado na commissão geodesica, mui habil artista, discipulo do bem conhecido e distincto gravador suisso, já defunto, mr. Comte.

Ao nosso estimabilissimo amigo, o sr. João Pedro Basto, lente

da aula de diplomatica, devemos a interessante e copiosa collecção dos fac-similes, que o sr. Pegado, continuo do archivo nacional, teve a bondade de passar ao papel vegetal sobre os proprios autographos. As aquarellas das naus, bem como os facsimiles, foram executados na imprensa nacional.

Sentimos não poder apresentar n'este volume, como já dissemos, o retrato de D. Ignez de Castro, tirado da sua sepultura; cabe aqui porém agradecer ao distincto cavalheiro o sr. Carlos Augusto de Mascaranhas Relvas de Campos, rico proprietario agricola da Gollegã, que sabe empregar nos jardins das bellas artes, de que é esmerado cultor, as horas que não occupa na direcção das suas vastas propriedades ruraes, o delicado mimo que nos fez de uma bella photographia d'este rico monumento da antiga esculptura, por elle esmeradamente tirada á luz artificial. Infelizmente porém não pôde servir ao nosso intento pela. exiguidade da sua dimensão, e por não mostrar, pelo lado d'onde foi tirada, de face o vulto d'aquella infeliz senhora.

Terminamos, pedindo ao leitor a sua necessaria e benevola indulgencia para o que já vac escripto, e que queira afinar a paciencia para nos aturar no seguinte e ultimo volume que destinamos, na parte mais principal, a esclarecer os heroicos feitos dos homens illustres que constituem o amago do poema naciona!.

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Salta em terra o Gama a fazer aguada; insidias dos mouros; con

flieto com os nossos; pazes simuladas; fingimento do piloto.......... Parte a armada de Moçambique para Quiloa; enganos do piloto; re

84-94

paro a elles por Venus; chegada a Mombaça

95-403

Exclamação do poeta contra os perigos da vida..

105-106

CANTO II

Traiçoeiro convite do rei de Mombaça para que entre a armada no porto......

1- 6

Manda o capitão com os mouros a terra dois condemnados para tomar informações e volta dos mouros..

7- 16

Traição dos mouros contra a armada, que é salva por Venus auxiliada das Nereides.......

17- 24

Fugida dos mouros e do piloto de Moçambique.

Exclamação e supplica do Gama

25-28

29-32

Venus invoca o patrocinio de Jupiter a favor dos portuguezes..... Caricias de Jupiter á filha, e resposta favoravel, vaticinando os gloriosos feitos dos portuguezes...

33-41

42-55

Jupiter manda á terra Mercurio para dispor os animos em Melinde a favor dos portuguezes....

Estancias

56-59

Apparece em sonhos ao Gama, intimando-lhe que deixe Mombaça e demande o porto amigo de Melinde .....

60- 63

Partida da armada; encontro de dois navios e informação de Melinde

dada por um mouro aprisionado.....

64-71

Chegada a Melinde; hospitaleira recepção do rei e do povo, que en

via refrescos e os convida a desembarcar

72-77

....

Embaixada do capitão; falla d'este e resposta do rei.

78-88

Festejos de noite na armada, correspondidos de terra

89-91

Visita do rei á armada e mutuas praticas de amisade do rei e capitão......

92-108

O rei pede ao Gama conte a historia do seu paiz e a sua navegação

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Toma posse do reino, que lhe coube em dote de sua mulher, o conde
D. Henrique; morre e deixa seu filho D. Affonso Henriques ...
Segundas nupcias de D. Thereza, e batalha do filho, em Guimarães,
contra a mãe e o padrasto ..

Invade o rei de Castella Portugal; cerco de Guimarães e fidelidade

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Leiria, Mafra, Cintra, Lisboa, Elvas, Moura, Serpa, Alcacer do Sal,

Beja, Palmella, Cezimbra e outros logares tomados aos mouros Cerco e infelicidade de Badajoz.....

55-67

68-69

Guerra com o Rei de Leão

70-73

D. Sancho passa ao Alemtejo, entra na Andaluzia e dá batalha junto
a Sevilha; vem acudir a Beja cercada pelos Mouros
Cerco de Santarem; D. Sancho soccorrido por seu pae D. Affonso
Henriques, e morte d'este .....

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D. Sancho cérca Silves, toma Tuy e outras villas na Galliza....
Morre D. Sancho e succede seu filho, que retoma Alcacer do Sal...
Mau governo de D. Sancho I .....

85-89

90

91- 93

Succede no governo seu irmão D. Affonso III, que conquista o Algarve....

94-95

Governo pacifico de D. Diniz, que povoa e fortifica o reino; succede

seu filho D. Affonso IV.....

96-99

Entrada dos mouros nas terras de Castella; vem a Portugal a rainha de Castella, filha de D. Affonso IV, pedir soccorro ao pae; supplica.....

100-117

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