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PSALMO XXXVIII. (

In finem ipsi Iditun
canticum David.

A poesia é de David; a musica,
de Iditun (**).

(1) Dixi: custodiam vias meas,

DETERMINET

ETERMINEI calar-me: férrea mola

ut non delinquam in lingua mea. Em meus labios porei, para que a lingua Não vibre um som que escandalo produza, Embace alheia fama.

(2) Posui ori meo custodiam, cum consisteret peccator adver

sum me.

(3) Obmutui, et humiliatus sum, et silui a bonis, et dolor

meus renovatus est.

Quando acceso em furor vem attacar-me
Um rebelde; se audaz, se criminoso
Me insulta, me injuría, freio ponho
Ás vozes, aos gemidos.

Emmudecido fico; ninguem me ouve
Queixas do mal, tão pouco do bem fallo:
Humilho-me, padeço, e mais penosa

A dor concentro n'alma.

(4) Concaluit cor meum intra No coração a chaga mais s'inflamma

me, et in meditatione mea exar

descet ignis.

Quanto menos a mostro, e meditando,
Mais arde, mais o fogo comprimido
Desafogar procura.

() Este psalmo foi certamente escripto no tempo da perseguição de Absalão, depois que David foi vilmente injuriado por Semei, e prohibio que se vingassem deste.

(**) Iditun era um dos quatro primeiros-mestres de capella que presidiam a todos, e por isso não se declara a que classe pertencia, mas tão sómente o seu nome.

(Maltei.)

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(12) Ab omnibus iniquitatibus meis erue me: opprobrium insipienti dedisti me.

Extingue meus delictos, não consintas
Que se até gora o louco escarnecendo
Me envenenava os dias, sem receio
Continue a ultrajar-me.

(13) Obmutui, et non aperui os Emmudeci, julgando que o castigo

meum, quoniam tufecisti: amove a me plagas tuas.

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Vinha da tua mão, severa e justa:
Basta, Senhor! suspende o mais que falta
E provoca o peccado.

Tremo do golpe, desfalleço, e creio
Que tarde ou cêdo o que é culpado paga;
Que se enreda e perece, como o insecto
Que na têa se envolve.

Taes são os teus decretos, Deos potente!
Cousa alguma lhe oppõe o mortal fraco;
Todo é vaidade, é sombra, é tenue fumo
Que um sopro desvanece.

Escuta pois, Senhor, os meus clamores;
Presta ouvidos ás vozes que derramo;
Vê que lagrimas vertem os meus olhos,
Que dor me despedaça.

Não me trattes d'estranho, não te cales
Quando humilde t'invoco; sobre a terra
Vivo como viveram meus maiores,
Hospede, passageiro.

(18) Remitte mihi, ut refrige Affasta já de mim os teus flagellos; rer, priusquam abɛam, et amplius

non ero.

A força com que argues tanto aterra,

Que desalento ao ver como corriges
A humana iniquidade.

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(*) S. Paulo ensina na epistola aos Hebreos c. 10. v. 5. 6. que este psalmo deve entender-se de Jesus Christo; e nós poderemos accrescentar, que o proprio David não tem parte alguma nelle, salvo a de propheta e poeta, que faz assim fallar o nosso Salvador. Eutimio, Theodoreto, Beda e outros, que vão buscando no psalmo Jeremias na prisão, Daniel entre os leões, a Igreja nas perseguições, a natureza humana opprimida, são aqui importunos e enfadonhos, pertendendo extremar-se com tantas subtilezas onde ha a expressa authoridade do Apostolo das gentes.

TOMO VI.

9

(Matlei.)

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(10) Holocaustum et pro pec- Qualquer expiação sendo pequena,

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