Obras poeticas de Bocage ...

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Imprensa portugueza-editora, 1875
 

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Página 394 - Tum, pietate gravem ac meritis si forte virum quem Conspexere, silent, arrectisque auribus adstant ; Ille regit dictis animos, et pectora mulcet...
Página 179 - Sobre os joelhos cáe, e aos céos erguendo O que erguer só lhe é dado, os olhos tristes, Com prantos, e mugidos lutuosos Parece que se está queixando a Jove, E que dos males seus o fim lhe implora. Elle, o collo abraçando á sacra esposa, Roga-lhe que remate a pena acerba. « Perde o temor (lhe diz) crê que incentivo Io não mais será de teus desgostos:» E o protesto formal co'a Estyge abona.
Página 193 - Ouvindo proferir da amada o nome, O malfadado moço eis abre os olhos, Já do peso da morte enfraquecidos; Volve-os a Tisbe, e para sempre os cerra. Nisto aquela infeliz o véu distingue, Vê do extinto amador a nua espada. "Teu amor, tua mão te hão dado a morte! Eu também tenho mãos (exclama a triste) Eu também tenho amor capaz de extremos
Página 192 - Já da terra levanta o véu de Tisbe, E para a fértil planta se encaminha, Vai com ele ao lugar do terno ajuste. Cobrindo-o lá de lágrimas, e beijos, "O meu sangue (lhe diz) também te regue, Recebe, ó triste véu, também meu sangue" E súbito, despindo o ferro agudo Que ao lado lhe pendia, em si o enterra: Da ferida mortal o extrai, o arranca, E de costas no chão depois baqueia. Em roxos borbotões lhe ferve o sangue, E lhe salta com ímpeto, à maneira De alto e cheio aqueduto, que rebenta,...
Página 85 - Entre arvoredos subito se encontra. Que silencio ! Amadora dos desertos, Com gosto ali meditação, te entranhas Por baixo das abóbadas sagradas, Por onde austeras virgens, algum dia Como as turvas alampadas, que velam Ante a religião...
Página 173 - Que das aguas não sáe, nem sáe das terras. Olha em torno de si, não vê o esposo, E suspeitosa, pelo haver colhido Já vezes cento em amorosos furtos, Não o achando nos...
Página 158 - Attonita ficou a Especie Humana; Todo o mundo tremeo de horrorisado. .Augusto, então dos teus não menos grata A ternura te foi, que a Jove aquella. Depois, que ao grão susurro iinpoz silencio Co'a mão, ea voz, emmudecèrão todos.
Página 148 - Erguido, para o céo lhe deu que olhasse. A terra, pois, tão rude e informe d'antes, Presentou finalmente, assim mudada, As humanas, incognitas figuras.
Página 192 - Coa soberba impulsão rompendo os ares. Da ramosa amoreira os alvos frutos, Pela rubra corrente rociados, Em triste, negra cor a antiga mudam, E do sangue a raiz umedecida, Logo às amoras purpureia o sumo. De todo não perdido ainda o medo, Volta a gentil donzela ao fatal sítio Por que a não ache em falta o caro amante. Cos olhos, e co espírito o procura, Desejosa de expor-lhe o grave risco De que pode escapar.
Página 193 - Arrepia-se, e freme, à semelhança Do rouco mar, se as virações o encrespam. Mas depois que atentando enfim conhece A porção da sua alma, os seus amores, Rompe em choros, em ais, maltrata o peito, O peito encantador, que o não merece, Arranca delirante as louras tranças, Entre os braços aperta o corpo amado, Verte amargosas lágrimas no golpe, Correndo misturados sangue e pranto; Piedosos beijos dá no rosto frio, Clama: "Ó Píramo! Ó céus! Que duro caso Te arrebata de mim? Píramo, escuta,...

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