CANTO VI. Fate and dooming Gods are deaf to tears. 0 MATINAL vigor foi desatando O torpor que me tinha agrilhoada: Momento, que aos ditosos tanto alenta! Trava em meu peito o fado; e quando venço As Musas generosas já me tinham A teu favor, oh Lilia! oh sombra! oh filha! Tinha apanhado as flores com que havia Prolongar-te a existencia, dar-te premio. Tempos de horror, que em crueldade excedem Esse barbaro tempo onde na praia Andromeda, a um rochedo agrilhoada, (2) (Para pasto de um monstro) espera a morte! Hoje não ha Perseos; monstros devoram Sem obstac❜lo a innocencia, a formosura: Surda Justiça os monstros nutre, applaude; E da materna dor o crime zomba. Surda Justiça! com teus raios brincas? O seu e o meu incenso alem dos mares. Oh Fado cego! Oh presumpção feminea! Oh paixão de heroismo malfadada, Que tão pouco na terra se avalia!... Mas tu, Nume enganado, não presumas Os semi-deoses honram sempre os Deoses: São os filhos da terra, os Encelados, Os Typheos, Geryões, e outros Titanos, (5) Que accumulam os montes sobre os montes, Trepam o Pelion, contra o Ceo conspiram. O Ceo estupefacto a audacia admira: Sem pontaria as igneas frechas vibra: O forçado relampago fusila: Porêm o raio incerto serpeando Os malvados evita, e os bons aterra!... Tal me vejo qual vio esse insensato (6) Que ao mundo ingrato trouxe a luz e o fogo, Cujo crime foi ver alem da meta Que prescreve a ignorancia: odio, vingança Novos tufões dos ventos furiosos, E os turbilhões de area com que acoita Em vão pergunto aos astros onde escondem Quem á Patria languente alento dava; Qual nume despiedado ao Luso usurpa Seus Chefes naturaes, os seus Achilles! Tu, intrigante Sorte, horrido Fado! Complice da maldade, assim decretas. Assim Juno indiscreta n'outras lides Salvou Turno dos golpes do heroe Phrygio, (7) E o Dauna illustre tarde vio o engano. Longe dos seus, co' a fama equivocada, De uma ingrata suspeita objecto odioso, Vagando pelo mundo, os Ceos argue De tão barbara força, derivada Das mesmas leis crueis que impunha o brio. Ah! quando acabarão penas tão grandes? Pergunta inutil... A esperança frouxa Nem se atreve a nutrir uma chymera: Minha sorte futura, qual Medusa, (8) A petrifica, a vence, a desanima... Em vão mysteriosa a Cryptogamia (9) (*) Estes versos foram escriptos em Dezembro de 1812. ་ Que em subterraneas luttas ronca e treme, Esta Classe não tem flores visiveis; Tudo é segredo nella, o nome o indica: (10) Da fructificação pouco se sabe; Nos generos que teem não se percebe, Em muitas, de que modo fructificam. Estames nem pistillos manifestam, Como ao principio n'outras Classes, ordens: Mas na estructura destas plantas temos. Indicios de que as ordens sejam quatro; E as feições que lhe achar irei pintando. Os Fetos ou Filices (taes lhes chamam D'outra ordem são os Musgos: tenues fios Vem do seio das folhas, terminados Por mui pequenos corpos, como antheras. Myope, qual me fez a Natureza Para encarar melhor da Musa o rosto, E soffrer seus luzeiros como Homero, |