SONETO. BEM como se perturba a clara fonte Na agitação contínua da corrente, De cuidado em cuidado, monte em monte De que vem este mal? Um mal tão claro Amor em mim é filho da tristeza! SONETO A uma despedida. As horas voadoras vão trazendo O instante fatal de uma partida, A sociedade amavel entretendo Esteve a paz (por pouco possuida); Com que horrores a palida tristeza Como havendo pezares tão tyrannos, SONETO Feito na cérca, onde trabalhavam uns homens na agricultura. FELIZ esse mortal que se contenta Com a herdade dos seus antepassados, D'entre os filhos amados afugenta A discordia cruel; vê dos seus gados, O throno mais ditoso é comparavel O que vive na Corte mais contente Provou nunca um prazer tão agradavel SONETO. Dizendo-me uma pessoa que eu nunca havia de ser feliz. ESP SPERANÇAS de um vão contentamento, Por meu mal tantos annos conservadas, É tempo de perder-vos, já que ousadas Fugi; cá ficará meu pensamento Já não me illudirá um doce engano, E tu, sacra Virtude, que annuncias SONETO. Partindo Pierio (1) para Salvaterra, e deixando-nos cheias de saudades. DESDE ESDE que vi brilhar a madrugada Musa! clamo sentida, magoada; Nem Musa, nem Apollo me responde: Quero cantar tristissimas saudades, Que se ausenta Pierio... Oh sorte dura! Porêm, chorando ausencia, é vã loucura Que melhor provam lagrimas fé pura. (1) O irmão da auctora, D. Pedro d'Almeida, depois Marquez d'Alorna. |