SONETO. Petição á melancolia para que se acabem certos dias de festa. Tu, Deosa tutelar da solidão, Amavel sombra, oh melancolia, Não prives o meu peito, Nympha, não, E não póde a que vive suspirante Attende, oh Nympha, o rogo que te faço, SONETO. RETRATAR ETRATAR a tristeza em vão procura Porêm eu, infeliz, que a desventura O minimo prazer me não consente, Sinto o barbaro effeito das mudanças, Condemnam-me a chorar, e a não chorar, Sinto a perda total das esperanças, E sinto-me morrer sem acabar. SONETO. ESCURO Estando presa em Chellas. SCURO Ceo, cravado de diamantes, Onde o leite de Juno em soltas gotas Se o reflexo dos astros scintillantes Tão longe, dividindo os ares, brotas, Tu, que reges o mundo, Author de tudo, Ouve o asperrimo som desta cadêa, Envergonha com elle o Fado rudo: Manda cá abaixo alguma Semidéa, SONETO A uns annos. J rasgado da noite o obscuro manto, Nova luz, nova graça traz o dia, A aurora, suspendendo o terno pranto: Os passaros entoam novo canto, Nas lyras ha tambem nova harmonia, Me transporto no mais suave encanto. Um novo assombro, a obra mais polida É tua alma este assombro de belleza; (1) D. Margarida Telles, Condessa de Redondo, depois Marqueza de Borba. SONETO Ao mesmo assumpto. QUE UE harmonico ruido estou sentindo, Que os ares brandamente vem rompendo? Margarida contentes repetindo, Aos corações mil glorias promettendo; Ah cara Margarida! E se soubesses O gosto que produz dentro em meu peito Acceita da amizade o puro effeito, E se a todos os bens não excedesses, |