Parnaso portuguez moderno: precedido de um estudo da poesia moderna portugueza

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Teófilo Braga
F. A. da Silva, 1877 - 319 páginas
 

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Passagens mais conhecidas

Página 88 - A vida é o dia de hoje, A vida é ai que mal soa A vida é sombra que foge, A vida é nuvem que voa ; A vida é sonho tão leve Que se desfaz como a neve E como o fumo se...
Página 172 - Como te enganas! meu amor é chama Que se alimenta no voraz segredo, E se te fujo é que te adoro louco . . . És bela — eu moço; tens amor — eu medo! . . . Tenho medo de mim, de ti, de tudo, Da luz, da sombra, do silencio ou vozes, Das folhas secas, do chorar das fontes, Das horas longas a correr velozes.
Página 174 - No fogo vivo eu me abrasara inteiro! Ébrio e sedento na fugaz vertigem, Vil, machucara com meu dedo impuro As pobres flores da grinalda virgem! Vampiro infame, eu sorveria em beijos Toda a inocencia que teu lábio encerra, E tu serias no lascivo abraço Anjo enlodado nos pauis da terra.
Página 173 - Ai ! se eu te visse no calor da sesta, A mão tremente no calor das tuas, Amarrotado o teu vestido branco. Soltos cabelos nas espáduas nuas ! . . . Ai ! se eu te visse, Madalena pura, Sobre o veludo reclinada a meio, Olhos cerrados na volúpia doce, Os braços frouxos — palpitante o seio Ai ! se eu te visse em languidez sublime, Na face as rosas virginais do pejo, Tremula a fala a protestar baixinho.
Página 185 - Aonde o genio das paixões habita. O que eu adoro em ti não são teus seios, Alvas pombinhas que dormindo gemem, E do indiscreto voo duma abelha Cheias de medo em seu abrigo tremem. O que eu adoro em ti, ouve, é tu'alma, Pura como o sorrir de uma criança, Alheia ao mundo, alheia aos preconceitos, Rica de crenças, rica de esperança. São as palavras de bondade infinda Que sabes murmurar aos que padecem, Os carinhos ingenuos de teus olhos, Onde celestes gozos transparecem!...
Página 7 - Quando — ai quando se há-de ela apagar ? Eu não sei, não me lembra: o passado, A outra vida que dantes vivi Era um sonho talvez... — foi um sonho Em que paz tão serena a dormi! Oh! que doce era aquele sonhar... Quem me veio, ai de mim! despertar? Só me lembra que um dia formoso Eu passei... dava o Sol tanta luz! E os meus olhos, que vagos giravam, Em seus olhos ardentes os pus. Que fez ela ? eu que fiz ? — Não no sei ; Mas nessa hora a viver comecei...
Página 45 - Foram séculos mil, foi um momento Que a eternidade fez volver ao nada. Um dia, quem o sabe? um dia, ao peso Dos...
Página 84 - Foi-se-me pouco a pouco amortecendo A luz que nesta vida me guiava, Olhos fitos na qual até contava Ir os degraus do túmulo descendo.
Página 27 - Se espaneja à luz do sol; Lá onde Deus concedera Que em noites de Primavera Se escutasse o rouxinol. Tu vens, ó lua, tu deixas Talvez...

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