Poesias, Volume 3

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Casa do editor A.J.F. Lopes, 1853
 

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Página 169 - O seu barbaro senhor. Trazia encostado ao hombro O arcabuz fatal, e horrendo, E alguns passaros no cinto, Uns mortos, outros morrendo. Das penetrantes feridas Ainda o sangue pingava, E do cruento verdugo As curtas vestes manchava. O preso vendo a tragedia, Coitadinho, estremeceu, E de susto, e de piedade Quasi os sentidos perdeu.
Página 16 - Disse dos nautas o inimigo eterno, E aos ares arrojou no mesmo instante Medonhas trevas, pavoroso hynverno. O céo troveja, Eolo sibilante Ora aos abysmos, ora. aos astros leva Entre as azas da morte o lenho errante: Sobre elle o mar violento a furia ceva, Rebentam cabos, não governa o leme, Consternada celeuma ao ar se eleva.
Página 15 - Oh tu, que de uma van, caduca fama, De uma illustre chimera ambicioso, A estrada vens saber do affouto Gama ; Tu, dos servos de Arnor o mais ditoso, Se as desordens fataes da louca edade Te houvesse reprimido o céo piedoso ; Tu, que de uma terrestre divindade Memorando os encantos, e os agrados, Deliras entre as garras da saudade ; O modelo serás dos desgraçados, Porque mais, oh mortal, a ver não tornas Meigos olhos, por Vénus invejados.
Página 149 - Ou dá-me o plano de attrahir-lhe as graças (Mas sem que roje escravo) ou não profanes Indigencia e moral, quaes tu não citas. Pões-me de inutil, de vadio a tacha, Tu, que vadio, errante, obeso, inutil, As praças de Ulysséa á toa opprimes, Ou do bom Daniel na terrea estancia Peçonhas de invectiva espremes d'alma, Que entre negros chapéos tambem negreja, E ante o caixeiro boqui-aberto arrotas, Arrotas ante o vulgo a encyclopedia ; Fadas, agouras o esplendor, que invejas, Arranhas mortos,...
Página 185 - Amiga (diz a cigarra) Prometo à fé de animal Pagar-vos antes de Agosto Os juros, eo principal.» A formiga nunca empresta, Nunca dá, por isso ajunta: «No Verão em que lidavas ?
Página 48 - De Bocage infeliz sê prompto abrigo, Estorva que se mirre um desgraçado N'este mal, n'este horror. n'este jazigo. Do crime corruptor não fui manchado; Alta religião me attráe, me inflamma, Amo a virtude, o throno, as leis, o estado.
Página 192 - Repara quanto devo [á natureza, Olha que lindas cores, que viveza ! Que adorno, que matiz ! Olha este rabo ! Em mim não ha senão ; e tu, diabo, Negro como um carvão, como um...
Página 170 - Nellas entrava a roer. Contemplando o fero Mestre No pervertido animal, Os progressos, que fazia A sua escola brutal, De prazer e de vaidade Lhe pulava o coração, E tinha á sua educanda Cada vez mais affeição.
Página 159 - D'estafador de anaphoras me encoima ; Faze (entre insanias) um prodigio, faze Qual anda o caranguejo andar meus versos; Suppõe-me entre barris, entre marujos ; (D'alguns talvez teu sangue as veias honre !) Mas não desmaies na carreira ; avante, Eia, ardor, coração. . . . vaidade, ao menos, As oitavas ao
Página 49 - ... me inflamma, Amo a virtude, o throno, as leis, o estado. Acima de meus zoilos me ergue a fama; Eis porque o negro bando atroz, maldicto, Sobre minhas acções seu fel derrama.

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