Obras poeticas de Bocage ...: Sonetos

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Imprensa portugueza-editora, 1875
 

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Página 194 - Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não caia? Porque (triste de mim!) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora? Da santa redenção é vinda a hora A esta parte do mundo, que desmaia. Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia Despotismo feroz, que nos devora!
Página 299 - À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Eu aos céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco intento. Musa! tivera algum merecimento Se um raio da Razão seguisse pura! Eu me arrependo; a língua quase fria Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: Outro Aretino fui...
Página 212 - Os membros quase nus, o aspecto honrado Por vil boca, e vil mão roto, e cuspido, Sem ver um só mortal compadecido De seu funesto, rigoroso estado: O penetrante, o...
Página 171 - O mundo a porfiar que o Franco é tolo, O Franco a porfiar que o mundo mente! Irra! o padre vigario é insolente, Raspem-lhe as mãos, e ferva-lhe o carolo: Da brilhante razão...
Página 114 - Tu és meu coração, tu és meu nume; Não vive para mim do mundo o resto; A Morte, a Vida, os Céus, meu Fado atesto, Meu Fado, que em teus olhos se resume. Mas com frequente, ríspido queixume Os mimosos ouvidos te molesto; Dias de oiro e de amor (ah!) toldo, empesto Co' as trevas mais que horríveis do Ciúme.
Página 357 - Magro, de olhos azues, carão moreno, Bem servido de pés, meão na altura, Triste de facha, o mesmo de figura, Nariz alto no meio, e não pequeno...
Página 45 - Noite amiga, Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto, Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga: E vós, ó cortesãos da escuridade, Fantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu, da claridade! Em bandos acudi aos meus clamores: Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu coração de horrores.
Página 125 - Céu forjados; Santuários de Amor, luzes sombrias; Olhos, olhos da cor de meus cuidados, Que podeis inflamar as pedras frias, Animar os cadáveres mirrados; Troquei-vos pelos ventos, pelos mares, Cuja verde arrogância as nuvens toca, Cuja horríssona voz perturba os ares; Troquei-vos pelo mal, que me sufoca, Troquei-vos pelos ais, pelos pesares: Oh!
Página 183 - Contra Elmano Sadino urrando avança O esteril Corydon, o vão Belmiro, Bernardo, o Nenias, lugubre vampiro, Que do extincto Miguel possue a herança; O curto Quintanilha, o torpe França, O tonsurado retumbante Elmiro, Vibram tiros ao vate, e é cada tiro Mais frouxo, que pedrada de creança: Elmano solta um...
Página 102 - Tu és doce atractivo, ó formosura, Que encanta, que seduz, que persuade. Enleia-se por gosto a liberdade; E depois que a paixão n'alma se apura Alguns então lhe chamam desventura, Chamam-lhe alguns então felicidade. Qual se abisma nas labregas tristezas, Qual em suaves júbilos discorre, Com esperanças mil na ideia acesas.

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